sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Na Prateleira #3

Filme: Grey Gardens – Do luxo à decadência (Grey Gardens, 2009)
Nota: 8,25
Poderia ter na trilha: Fake Empire- The National
Pontos positivos: Atuações, direção, roteiro e figurinos dignos de tela grande, em uma produção televisiva.
Pontos negativos: Assista sabendo que vai te atingir emocionalmente. É um filme denso.

“Duas estradas divergiram na floresta amarela, e considerando uma, escolhi a outra, e isso fez toda a diferença...” (adaptado do poema de Robert Frost)
Edie Beale, em Grey Gardens (1975)


Uma escolha errada pode levar uma pessoa a uma vida frustrada e enlouquecedora. Edith Beale, parte da dinastia americana Bouvier (famosa por incluir a icônica Jackie O.), errou ao abandonar sua paixão pela música para ser a esposa ideal dos anos 50. Essa escolha a levou para uma espiral de autodestruição e estagnação. Mas ainda piores são as escolhas que nos são impostas e também só resultam em frustração. Edith, ao contemplar sua vida vazia e seu casamento fracassado, resolve impedir sua promissora filha, Edie, de viver como atriz e dançarina. E dessa maneira, as duas passam a viver num universo paralelo, numa luxuosa casa nos Hamptons. E com o empobrecimento e o descaso de sua rica família, as Beales passam a viver no meio do lixo, dos animais e da loucura. Esse ótimo filme feito para a TV pela genial HBO é uma encenação dos acontecimentos retratados no documentário de mesmo nome, gravado na década de 1970, e mostra a decadência da forma mais direta e deprimente possível. Destaque para as interpretações ótimas de Jessica Lange (genial) e Drew Barrymore (brilhando em um de seus primeiros papéis dramáticos).


Filme: Maré de Azar (Extract, 2009)
Nota: 6
Poderia ter na trilha: Good days, bad days – Kaiser Chiefs
Pontos positivos: Você irá curtir o filme nos seus 92 min.
Pontos negativos: 92 minutos será o que você vai precisar para esquecer do filme.

Fases difíceis não se restringem a jogos de plataforma. Problemas gostam de viajar em grupos, e o efeito dominó que esses pequenos desastres iniciam é impressionante. E a comédia, sempre apaixonada por pequenos desastres, adora tramas desenvolvidas em fases ruins da vida de um pobre personagem injustiçado. A vítima da vez é Jason Bateman, confortável no papel do “cara comum” Joel, e as suas desventuras são acompanhadas por um ótimo elenco de coadjuvantes. O filme funciona muito bem como entretenimento, mas é comum e esquecível demais. Destaques para as ótimas cenas com o insuportável vizinho Nathan.

Filme: Rebelde com causa (Youth in revolt, 2009)
Nota: 7
Poderia ter na trilha: Teenage Riot – Sonic Youth
Pontos positivos: Melhor que o besteirol adolescente genérico.
Pontos negativos: Porém, não deixa de ser um besteirol adolescente.

Feche os olhos e tente imaginar o Michael Cera como um cruel, frio e calculista vilão. Tenta, faz uma forcinha aí. Não conseguiu? Apesar de ter começado sua carreira como um assassino psíquico em um episódio de La Femme Nikita (veja aqui), Cera é o arquétipo do bom garoto, tímido e desajeitado. “Rebelde com causa” brinca com essa imagem que temos do ator, e conta a história de um garoto certinho que cria uma segunda personalidade, chamada “François Dillinger” (melhor nome de alter-ego da história) , com o objetivo de ser expulso de casa e conquistar uma menina. O filme não tem nada de revolucionário, mas vale por mais uma interpretação boa de Cera e por uma trama um pouco ousada e criativa para um filme adolescente. Mesmo assim, o jovem ator parece continuar interpretando o mesmo papel, uma eterna reprise de Paulie Bleeker, assim como Ellen Page parece repetir sua Juno em todos os seus filmes. Juno, um pequeno grande filme, marcou seus protagonistas tanto quanto uma grande franquia ou adaptação literária.

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