quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

TTF Awards 2010: Melhores álbuns do ano

Sim, a minha lista de melhores álbuns está bem diferente da sua, e da de todos os sites respeitados e sérios, pois 2010 foi um ano muito complicado para os imunes ao hype. Para os que não curtem coisas lo-fi, difusas, distorcidas, psicodélicas e todas as outras características que definiram o ano.

Fiz textos melhores que esses sobre os mesmos álbuns na lista do Rock 'n' Beats, mas curtam a lista =).



15- MTV Unplugged - Mando Diao

Sempre curti o trabalho dos suecos do Mando Diao. Fui ouvir o acústico com expectativas médias, afinal, a fórmula acústico mtv já estava bem...usada. Poucas vezes, ou nunca, um acústico me impressionou tanto. Um disco de coragem, que ousou tornar lentas algumas músicas rápidas, como no hit Dance With Somebody e em You can't steal my love, e nos presenteou com um momento épico no dueto entre Gustaf Norén e Juliette Lewis na explosiva High Heels.

High Heels





14- Volume II - She and him

O trabalho principal dela é como atriz, a parte mais ambiciosa da carreira dele passa longe desse duo. É exatamente a falta de pretensão e a felicidade retrô mais pura que fizeram de Volume II um dos meus álbuns favoritos do ano. Antes de ser uma expressão de excelência e inovação, a música pop tinha como objetivo a diversão do público. Aperte o play e sinta-se nostálgico por uma época na qual você nem havia nascido.

Lingering Still





13- Charlotte Gainsbourg - IRM

Difícil e desafiador. Mas também o que você queria de um álbum que nasceu em um exame cerebral após um derrame, sobreviveu às gravações de Anticristo de Von Trier e foi produzido pelo gênio Beck Hansen? Um álbum que também mostra que, por mais que você tente, os franceses sempre serão mais "cool" que você.

Me and Jane Doe





12- The Walkmen - Lisbon

Quando ouvi os primeiros acordes de Stranded, me senti completamente distante de tudo. E o álbum segue inteiro assim, como uma viagem que você faz enquanto canta a plenos pulmões o refrão de Juveniles ou arrasa no Air Drums em Angela Surf City.

Stranded





11- Lissie - Catching a Tiger

Uma verdadeira "revelação" deve nos encher de curiosidade para um segundo álbum. Com seus covers geniais e um álbum de estreia impressionante, Lissie Maurus foi uma das maiores revelações do ano, e a combinação de sua voz de Stevie Nicks e sua Fender Thinline são uma muito aguardada esperança para o rock de vocais femininos.

In Sleep





10- Stornoway - Beachcomber's Windowsill

Ao mesmo tempo, o melhor disco romântico de 2010 e o melhor para ser aproveitado na estrada. O Folk inglês elevado a última potência, daqueles de desligar o celular, ficar offline e aproveitar o mundo.

We are the battery human





9- The Gaslight Anthem - American Slang

Esses garotos de New Jersey criam uma obra-prima underrated atrás da outra. Se o The '59 Sound é um melhores álbuns dos últimos anos, Brian Fallon e cia aceitaram o desafio e misturaram mais uma vez o punk, o The Clash e o Bruce Springsteen em um disco direto, com um tipo de rock que foi esquecido nos tempos dos skinny jeans e do glamurous indie rock 'n' roll.

The Spirit of Jazz





8- Two door cinema club - Tourist History

Com a angústia do Arcade Fire, a depressão do The National e a melancolia de Ben Folds, alguém tinha que fazer música para os felizes e despreocupados em 2010. Nada melhor do que o som hiperativo dos irlandeses do TDCC, que resumiu a palavra "férias" em algumas faixas.

What you know





7- Superchunk - Majesty Shredding

Sim, um grande disco quando aproveitado através de fones de ouvido ou caixas de som. Mas as guitarras despretensiosas e a energia crua de Majesty Shredding parece perfeita para um grande show de rock. Com uma sequência como Crossed Wires/Slow Drip/Fractures/Learned to surf, impossível não se sentir como um(a) adolescente.

Crossed Wires





6- Belle and Sebastian - Write about love

Faça um experimento, coloque o Write About Love e vá para uma livraria, ou para um museu, ou para um parque (ou para o Inhotim em BH, acho que é a combinação perfeita). Para os que reclamam que o novo álbum do B&S é mais do mesmo, eu só falo isso: Se você descobrisse a fórmula perfeita para qualquer coisa, você ainda escolheria não usá-la?

I Want The World to Stop





5- Foals - Total Life Forever

Muita lista importante colocou o Total Life Forever nas primeiras posições. Agora eu pergunto: Por que eu ainda me sinto como a única defensora desse grande disco? É só mencionar o grande salto de qualidade dado pelo Foals em um post que muita gente vem criticar. Enquanto Antidotes era um bom álbum para dançar e ver skins, o sutil TLF é um disco para qualquer momento. O Foals deixa de ser, com Spanish Sahara e Blue Blood, uma banda modinha para ser uma força criativa. Sente falta do Foals antigo? Daqui a pouco surge alguma cópia.

Black Gold





4- Ben Folds - Lonely Avenue

Nick Hornby mostra mais uma vez que ele simplesmente ENTENDE. De tudo e de todos. Um cronista hábil do cotidiano, versando sobre personagens reais (Levi Johnston's Blues, Doc Pomus), divórcio (Claire's Ninth), Romance (From Above, Practical Amanda) e a tristeza na forma mais bruta encontrada em 2010 (Picture Window).

Claire's Ninth





3- LCD Soundsystem - This is Happening

James Murphy é um poeta da vida bôemia. Uma versão moderna daqueles que bebiam e morriam de tuberculose nos séculos passados. Mas Murphy faz sua filosofia de maneira mais saudável, na forma de épicas faixas que embalam a noite perfeitamente. Não, nós queremos um Hit, James, nós só queremos mais um tempo com essa que é uma das melhores bandas dos últimos tempos.

You wanted a hit





2- The National - High Violet

Você está de ótimo humor, está tudo dando certo, você foi passear no parque com o amor de sua vida e vai sair com toda a turma mais tarde? Não é o dia para ouvir o High Violet. Uma trilha-sonora perfeita para dias de clima chuvoso e mente mais chuvosa ainda.

Runaway





1- Arcade Fire - The Suburbs

Um álbum que me atingiu violentamente. Minha opinião completa sobre esse discão está no Rock'n'Beats.

Suburban War



Menções honrosas: Bad Books, Villagers, Broken bells,Freelance Whales,Delphic, Sleigh Bells

BONUS LIST - Don't let me down: As 7 maiores decepções de 2010

7- Vampire Weekend - Contra

Bom álbum? Sim. Hits grudentos? Sim. Escutei durante uma semana, enjoeei e só continuei gostando de Cousins e Giving up the gun? Também. O álbum com pior fator Replay do ano.

Podia ter sido: Cousins
Foi: Diplomat's Son

6- Sara Bareilles - Kaleidoscope Heart

Com um disco de estreia que me cativou com letras inteligentíssimas e pop perfeito,a californiana Sara Bareilles ganhou fama, fãs e tudo o mais. Pena que no segundo álbum, ela abandonou tudo o que a diferenciava da massa de cantoras/compositoras de Jazz-pop e abraçou seu lado Norah Jones.

Podia ter sido: King of Anything
Foi: Hold My Heart

5- Brandon Flowers - Flamingo

Que horror. Uma grande decepção, que só não está mais alta no ranking porque eu nunca achei que uma carreira solo do vocalista de uma das minhas bandas favoritas fosse boa notícia. Bring back The Killers.

Podia ter sido:?
Foi: Crossfire

4- Gorillaz - Plastic Beach

Repetitivo. Salvo por momentos geniais como On Melancholy Hill e Stylo, o Plastic Beach parece uma música interminável, que exigiu esforço para não pausar no meio e não voltar nunca mais.

Podia ter sido: On melancholy Hill
Foi: Welcome to plastic beach

3- Klaxons - Surfing the void

Não é um disco insuportável, mas para uma banda que criou um dos melhores álbuns da última década, a falta de originalidade e vitalidade de Surfing The Void é assustadora.

Podia ter sido: Flashover
Foi: Twin Flames

2- Interpol - Interpol

O Interpol tá com preguiça de tudo ou é impressão minha? Um disco de nome nada original com a sonoridade de uma banda cover de Interpol. Depois dessa até eu saía, Carlos D.

Podia ter sido: Barricade
Foi: Success

1- MGMT - Congratulations

Esse foi díficil de terminar. Eu parava, voltava, mas era quase insuportável. Uma banda caindo nas armadilhas de sua própria pretensão. Acho que Andrew e Ben viram que seus grandes sucessos estavam até em Gossip Girl e pensaram: Somos culturalmente superiores a tudo isso e queremos selecionar nossa base de fãs. Selecionaram mesmo, perdendo quase todos. Um grande exemplo do pavor que a cena indie tem do pop, do radiofônico. They're fated to pretend.

Podia ter sido: Flash Delirium
Foi: Flash Delirium várias e várias vezes

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Do sociável ao social


Filme: A Rede Social (The Social Network, 2010)
Nota: 9,75
Para ler escutando: Creep - Radiohead

“I want you to notice when I'm not around, You're so fucking special, I wish I was special” Radiohead

Algumas vezes, a criação é o espelho exato do criador. O Facebook pode ser um filho adotado (na verdade, roubado na maternidade) por Mark Zuckerberg, mas ele é cara do pai. A motivação que levou à criação do Facebook é a mesma motivação que levou seu enorme público a criar uma conta no site. O que motiva as ações humanas? Aqueles que respondem 'dinheiro', estão ignorando que existe uma razão escondida atrás dessa busca por dinheiro. Por exemplo, se um homem ganancioso, ambicioso, ganhar uma fortuna mas ser forçado a aproveitar seu dinheiro em uma casa isolada, em um país distante, ele será feliz? Não. A busca humana não passa só por notas e moedas, afinal, a moeda de maior valor não é física: O Status.

Mark Zuckerberg é o bilionário mais jovem do mundo. Mas ele não criou o Facebook visando seu primeiro bilhão de dólares. Na versão de sua história relatada com maestria por Aaron Sorkin e David Fincher em "A Rede Social", o sócio e "melhor amigo" Eduardo Saverin tinha que lhe avisar constantemente sobre o potencial comercial do Facebook. Desde a primeira cena do filme, Zuckerberg não age como uma caixa registradora, e sim como um garoto, humano, desesperado por atenção. Estas não são as motivações de um super-vilão.

Ele perde sua namorada porque está fixado com status, clubes, universidades de elite. Ele cria o Facemash para irritar Erica, como uma criança que quebra um vaso em casa para chamar a atenção dos pais. E se ele cria o Facebook para ser conhecido por todos, ele expande o Facebook por Erica. Um jovem liderando uma empresa para jovens, que criam uma empatia com o site porque o raciocínio de Mark, do Facebook e de seu público é absolutamente idêntico: Seja popular, conquiste o mundo, conquiste quem você quer.

Se vários “nerds” se contentam com um lugar atrás de uma tela de computador, Mark Zuckerberg não é um deles. Se ele fosse um cientista, ele só se contentaria com um Nobel. Mas o criador do Facebook é um programador, e apenas receber uma menção de pé de página nunca foi seu estilo. Enquanto alguns espectadores dizem “Como ele permitiu que A Rede Social fosse filmado?”, a resposta é simples: Ele está nas grandes telas, ele está ganhando prêmios, sua história está atingindo multidões. Esse filme deve ser um dos maiores orgulhos do garoto que só queria um lugar nos holofotes. Sua história, recente e extremamente controversa, gerou um grande filme.

“A Rede Social” segue uma fórmula que me torna instantaneamente descrente. Biografia, grande diretor, lançada dias antes do burburinho dos tapetes vermelhos começar a surgir nos ouvidos de todos. É tudo certinho e seguro demais. Mas o roteiro inteligente de Sorkin, a direção perfeita (mesmo que quase invisível em alguns momentos) de Fincher e as atuações brilhantes de seu jovem elenco me converteram, mesmo precisando de duas idas ao cinema para isso. Jesse Eisenberg está magnético como o complexo personagem principal, tão impressionante que nos conquista com um personagem que facilmente se tornaria repulsivo, detestável, e ofusca seus coadjuvantes incríveis, como Andrew Garfield, Justin Timberlake e Armie Hammer (em uma competente interpretação dupla de personalidades completamente diferentes). “A Rede Social” não ganha meu voto para os Oscars como melhor filme, mas merece atenção em todas as categorias, especialmente Melhor Ator e Trilha Sonora.

Muitos andam dizendo por aí que “Scott Pilgrim Vs. O Mundo” é o filme de nossa geração. Esses estão com dificuldade de absorver e abraçar o lado sombrio de seu próprio mundo. “A Rede Social”, com a iluminação fraca de um notebook, a ambição social, a solidão, o humor seco, a ausência de julgamentos, esse sim é o espelho da geração, sem distorções, cristalino, mesmo que sua claridade possa doer nos olhos dos que cruzarem seu ângulo de reflexão. Mark Zuckerberg viu em Sean Parker todos os seus sonhos e ambições. O Cool. O Popular. Mas enquanto o mito de Parker se desfazia perante seus olhos, e levava junto toda a sua vida, suas ilusões, Zuckerberg viu a necessidade de uma redefinição. O que o garoto Zuckerberg quer ser quando crescer? Minutos antes do apagar da tela, descobrimos que a resposta continua a mesma: Ser aceito. Por Erica, pelos clubes, pelo mundo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

TTF Awards 2010 - Melhores Pôsteres e Melhores Trailers

A propaganda é a alma do negócio. Se alguém te indica um filme e você pensa "Que filme é esse? Nunca ouvi falar" isso só acontece pois esse filme não buscou seu lugar ao sol através de uma campanha publicitária decente. Alguns filmes não o fazem por problemas de orçamento, outros apenas por aquele espírito underground do "Sou culto e não quero meu filme no grande público".

Recentemente, a arte da campanha publicitária cinematográfica está perdendo o rumo violentamente. Os trailers não estão deixando nenhum espaço para a imaginação, e se aproximando de curtas-metragens completos, que soltam as melhores piadas e momentos do filme em uma estrutura cronológica completa (ok, comédias românticas, a gente já sabe como vocês terminam,sempre, mas precisa mostrar isso no trailer?).

Os pôsteres se tornaram um festival de photoshop mal-feito que compartilham apenas um objetivo: Colocar a cara de todas as estrelas do filme sorrindo ou olhando misteriosamente para você, em resultados muitas vezes traumatizantes. Saul Bass (criador dos pôsteres das obras de Hitchcock entre outros clássicos) estaria com vergonha dessa situação. Mas algumas campanhas de 2010 compensaram todos esses pequenos desastres e nos deixaram boquiabertos e ansiosos para ver os filmes que anunciavam. Aí estão os melhores pôsteres e melhores trailers de 2010.


Melhores Trailers

5- Bravura indômita (Trailer oficial)

Bravura Indômita é um Remake. Logo, a tolerância de spoilers no trailer aumenta um pouco, pois várias pessoas sabem os caminhos tomados no original. Então, mesmo com sua longa duração e excesso de cenas, a combinação da direção bruta e bela de Coen e a trilha-sonora perfeita (Johnny Cash) faz do trailer desse filme um dos melhores do ano.

4- Scott Pilgrim vs. The World (Trailer)

Se existisse uma lei que regulasse o nível de referências à uma geração em um trailer, Edgar Wright podia ser preso. Não conheço ninguém da minha idade que não se empolgou com frases como "Getting a life" e "It's on, like Donkey Kong".

3- Um Lugar Qualquer (Trailer)

Sutil, quase sem falas e com trechos de músicas de Strokes e Phoenix, esse é exatamente o tipo de trailer que deveria aparecer mais vezes. Você aprende a sinopse, não descobre grandes detalhes e fica sonhando em assistir a película completa.

2- A árvore da vida (Teaser)

Detalhes sobre a trama: ZERO. Mas o trailer do novo filme de Terrence Malick tem o visual mais bonito do ano (e um dos mais bonitos que eu já vi). Dá vontade não só de ver o filme, mas de morar dentro do trailer. E é emocionante sem nem precisar de história.

1- A Rede Social (Teaser 2)

Indiscutível. Um trailer que mostra a criação e o criador. Primeiro, ele nos atinge com cenas da nossa vida que se torna cada vez mais virtual, e depois mostra trechos intensos e fascinantes de um dos melhores filmes do ano. Tudo isso acompanhado por uma das melhores escolhas musicais em um trailer de todos os tempos.

Melhores Pôsteres

5-Rango (2nd Poster)

Não existe pôster mais chamativo do que essa maravilha de Rango. O personagem principal curiosíssimo, o enigmático peixe de corda que aparecia no Teaser Trailer, os outros personagens, é tudo tão marcante que o título e o nome do ator principal são quase ignoráveis.

4-Harry Potter e as relíquias da morte (Teaser poster)

Se o pôster do primeiro filme da série mostrava os jovens bruxos se aproximando do castelo de Hogwarts através de barcos no lago do castelo, o pôster do capítulo final oferece o contraponto perfeito, mostrando que o tempo da inocência acabou.

3-Scott Pilgrim Vs. O Mundo (Teaser Poster)

Simples e maravilhoso, o teaser poster do filme mais Hypado de 2010 me conquistou completamente. Ainda quero um desses para o meu quarto.

2-Enterrado vivo (Teaser poster)

Um bom pôster antecipa o clima do filme. O teaser de Enterrado Vivo traduz completamente a sensação de claustrofobia presente na história do filme, de maneira criativa e inteligente.

1-Cisne Negro (Teaser Poster)

Old-school. Plástico. Artístico. Simplesmente um teaser que merecia um espaço não só em fachadas de cinemas e locadoras, mas em galerias e museus.

sábado, 18 de dezembro de 2010

TTF Awards 2010 - Melhores músicas do ano

2010. Como resumir esse ano? Enquanto todos falam o bordão oficial "Como esse ano passou voando hein" eu vou na corrente contrária "Putz, isso tudo foi um ano só? Tem certeza?". Pensar que há um ano atrás, eu ainda lutava com a idéia de criar um blog. Achava que ninguém ia ler, achava que eu não teria o entusiasmo de manter o pobre endereço. Eu criei e nem parece que estou fazendo isso só a um ano.
Na música, 2010 foi o ano do amadurecimento. Muitas bandas tentaram. Mudaram seus estilos drasticamente e falaram: Eu cresci. Alguns ganharam respeito, outros ganharam risadas e perderam fãs. Também foi o ano dos álbuns difíceis. Quase nenhum dos grandes lançamentos de 2010 te conquistou de primeira, não é? Foi também um dos piores anos para o mainstream na história. Um show de autotunes na gringa e aqui no Brasil, prefiro nem comentar. O que é bom, de certa forma, pois obrigou muita gente a buscar o que era bom abaixo da superfície. Um ano interessante. Riquíssimo? Não. Mas bem melhor que 2009, na minha sincera opinião. Aí estão as 20 melhores faixas de 2010, de acordo com essa minha sincera opinião. Cada uma das listas de fim de ano do TTF terá uma lista bonus te esperando lá no final da página.

PS: No fim do texto, tem um Mixpod com as faixas. Mas elas estão na ordem 1-20, sem suspense. Então lê primeiro e aperte o play depois.

20- Swim (To reach the end) - Surfer Blood
One hit wonder? Talvez. Essa é a impressão que fica quando ouvimos o Astrocoast inteiro. Mas se for, pelo menos é um One Hit Wonder perfeito, daqueles de cantar junto bem alto.
Se fosse um filme, seria: Um documentário de surf.

19- October - Broken Bells
Não espero que ninguém concorde comigo nessa, acredite. Mas no meio das geniais The Ghost Inside e The High Road, October foi a que ficou mais tempo no meu repeat. Acho que, como uma fã de Shins, era tudo o que eu queria.
Se fosse um filme, seria: A última sessão de cinema

18- Cold War - Janelle Monáe
Hinos dançantes, com vocais ótimos e inspiração do funk e do soul. Beyoncé, Rihanna, abram espaço porque uma moça está ensinando como fazer hits dignos de coreografia sem perder a qualidade musical.
Se fosse um filme, seria: Watchmen

17- I Saw you Blink - Stornoway
Feito especialmente para domingos preguiçosos ou viagens de carro, o cd do Stornoway tinha várias opções lindas mas nada ganha do romantismo de I Saw you blink.
Se fosse um filme, seria: ABC do amor

16- That Day - Villagers
Se os britânicos resolveram realmente largar a guitarra de Arctic, Libertines e Franz e assumir uma fase baseada no violão, até agora eu estou satisfeita com a produção. O Villagers fez um grande disco, com uma música maior ainda, That day.
Se fosse um filme, seria: Brilho de uma paixão

15- Trick Pony - Charlotte Gainsbourg
Essa colaboração de Charlotte Gainsbourg com o Beck não é o que podemos chamar de Easy Listening, e requer vários plays, mas depois ela fica no repeat. Trick Pony é uma das mais agitadas desse disco etéreo, e ganhou essa posição com honras.
Se fosse um filme, seria: Kill Bill

14-Coquet Coquette- of Montreal
of Montreal sempre foi muito estranho. E eu gosto da fase mais excêntrica de Kevin Barnes. Mas Coquet Coquette veio para mostrar que criar uma música mais comercial e acessível não é diminuir a qualidade. Nunca. (ps: Insisto em ouvir "Michael cat" no lugar de "My coquette")
Se fosse um filme, seria: Os excêntricos Tenenbaums

13- Ambling Alp - Yeasayer
Se o MGMT abandonou o Pop e abraçou a psicodelia, o Yeasayer fez o caminho contrário. O efeito da mudança também foi o oposto.

Se fosse um filme, seria: Kick-ass

12- This is the life - Two door cinema club
Como em 2010 todos se levaram muito a sério, sons experimentais, a gente precisava de uma música oficial de festas de verão ou algo do tipo. Eis que surge o TDCC. Se os singles tiveram lançamento em 2009, This is the life é incrível e elegível para a lista.
Se fosse um filme, seria: Maria Antonieta, Encontros e Desencontros ou qualquer coisa Sofia Coppola-ish.

11- On Melancholy Hill - Gorillaz
A música mais assobiável do ano. O Plastic Beach decepcionou bastante como um conjunto, mas On Melancholy Hill se destaca como uma música digna da assinatura de Damon Albarn.
Se fosse um filme, seria: Wall.e (nem assim o Gorillaz escapa da animação)

10- Angela Surf City - The Walkmen
Entramos no Top 10. Como eu já disse no Twitter, eu pagaria para ver um show solo de quase todos os membros do Walkmen. Os vocais rasgados de Leithauser e a bateria frenética de Matt Barrick trazem energia suficiente para acender uma cidade.
Se fosse um filme, seria: Cupido é moleque teimoso

9- Digging for something - Superchunk
Mac McCaughan: 43 anos. Laura Ballance: 42 anos. Eles não foram responsáveis apenas por lançar, através da Merge Records, o melhor disco de 2010 (estou falando do The Suburbs), mas renasceram com o Superchunk e fizeram o disco mais jovial do ano.
Se fosse um filme, seria: Curtindo a vida adoidado

8- Spanish Sahara - Foals
Acho que quando as pessoas "zen" falam de meditação, o efeito que elas estão descrevendo é exatamente o efeito que essa obra de arte do Foals tem no meu cérebro. Mantra.
Se fosse um filme, seria: Lunar

7- Fuck You - Cee-lo Green
Um dia depois do lançamento do Lyric Video desse hino, todos já estavam cantando a plenos pulmões esse refrão. Reflita.
Se fosse um filme, seria: Sinceramente? Deviam fazer um musical próprio baseado em Fuck You.

6- Tighten up - The Black Keys
Uma música para ser cantada com aquela cara de quem está com uma dor de cabeça insuportável. Quase chorada. Mas aí você vê o clipe. E passa a cantar com um sorriso torto.
Se fosse um filme, seria: 500 dias com ela

5- Dance Yrself Clean - LCD Soundsystem
Existiram músicas melhores, mas talvez o momento musical do ano acontece aos 3 minutos e 8 segundos de Dance Yrself Clean, uma explosão perfeita.
Se fosse um filme, seria: Se beber não case

4- Picture Window - Ben Folds (& Nick Hornby)
Essa foi a mais difícil de escolher. Eu mudei minha escolha de qual é a melhor música de Lonely Avenue umas 10 vezes. Mas a lista precisava de um hino para os dias ruins. Hope comes near you, kick it's backside, got no place in days like these.
Se fosse um filme, seria: Há tanto tempo que te amo

3- Little lou, ugly jack, prophet john - Belle and Sebastian feat. Norah Jones
Você chega em casa estressado(a) e coloca o Write About Love. Te desafio a continuar tenso(a) quando o segundo verso dessa música chegar, com seu "Quiet Nights..." cantado por Norah Jones.
Se fosse um filme, seria: Amor à flor da pele

2- Conversation 16 - The National
Faço um pedido ao mundo: Que ninguém nunca faça um cover de Conversation 16. Essa música pertence à voz de Matt Berninger. Densa, pesada e maravilhosa. "I was afraid I'd eat your brains, 'cause I'm evil".
Se fosse um filme, seria: Match Point

1- Sprawl II (Mountains Beyond Mountains) - Arcade Fire
Acredito que devemos afastar o nosso lado fã para fazer uma lista dessas e abraçar um lado imparcial. Mas não tem nada melhor do que quando todos os lados, todas as bússolas, apontam na mesma direção. A música mais linda e inesperada do ano. Coisa de gênio(S).
Se fosse um filme, seria:Não sei. Mas ganhava um oscar.






Bonus list - Desligue seu scrobbler: Os melhores guilty pleasures do ano

3- Nanana - My Chemical Romance
Emo. Um rótulo que transforma músicas boas em guilty pleasures. Mas eu não tenho problema nenhum em admitir que eu queria ir a um show do MCR só pra cantar esse refrão. Uma música que nasceu para uma trilha sonora de filme.

2- Thinkin' 'bout something - Hanson
Me arriscando, posso perder leitores com essa. Uma boy band da minha infância teve que pegar a guitarra e o piano pra mostrar pra turma da disney como se faz pop. Com clipe inspirado em Blues Brothers.

1- Fresh - Devo
Assiste o clipe. Dá uma vergonha alheia enorme. E uma vergonha própria também, pois você sabe que está gostando da música. Agora coloca um chapéu rídiculo e celebre os anos 80.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Babel TTF #1

Quando crianças, recebemos uma dose gigantesca e constante do cinema produzido nos EUA. Começamos com os desenhos da Disney, partimos para os grandes blockbusters de aventura e as comédias, e conhecemos nossos primeiros grandes filmes através de premiações como o Academy Awards. Velhos hábitos são difíceis de mudar, e criamos um pequeno bloqueio em relação ao cinema do resto do mundo. Até mesmo a ausência do som da língua inglesa pode nos incomodar. Taxamos o cinema europeu, oriental, e até mesmo sul-americano como chato, sonolento, pretensioso, incompreensível. Muitas vezes sem nem dar uma chance verdadeira para essas filmografias. Eu também sou filha do cinema americano. Eu também fazia esse julgamento, e quero parar. Então, todo mês, a partir de agora, separo um fim de semana para essa Rehab da língua inglesa. E contarei minhas experiências aqui no TTF, em pequenas críticas. Quero sugestões de vocês, meus amigos cults que adoram o cinema internacional. Coloque dicas de filmes para a próxima Babel TTF nos comentários, e creditarei seu nome e twitter aqui. Vamos agora ao que interessa.

A Partida (Okuribito, Japão, 2008)

Nota: 8,75
Para ler escutando: I’ll follow you into the dark – Death Cab For Cutie
Remake americano destruidor: Um guitarrista perde sua banda e se reencontra em um novo emprego cheio de confusões. Piadas com cadáveres incluídas.
Mini-crítica: Filme japonês sobre morte. Primeira coisa que vem à sua cabeça: Os orientais vêem a morte com outro olhar. Segundo pensamento: Vai ser lento e extremamente deprimente.
O objetivo de A Partida é destruir completamente a idéia que você criou sobre a película e te surpreender. O filme, um sutil retrato de um homem que perde o seu grande sonho e acaba se encontrando no lugar mais improvável de todos, mostra que as visões sobre o fim da vida não variam com culturas, variam com pessoas. Após destruir este mito, através de vários personagens que expressam seus sentimentos enquanto enfrentam o maior símbolo da despedida, o velório, o filme desconstrói o mito do filme oriental contemplativo e faz rir, garanto, mais de uma vez. E mesmo seu final, levemente previsível e um pouquinho piegas, fornece um perfeito desfecho para os dramas do protagonista. O seu desfecho? Uma caixa de lenços.

Há tanto tempo que te amo (Il y a longtemps que Je T’aime, França, 2007)

Nota: 9,25
Para ler escutando: Run - Snow Patrol
Remake americano destruidor: Quer destruir o filme? Substitui a atriz principal. Só isso.
Mini-crítica: “Há tanto tempo que te amo” e sua protagonista são como uma caixa feita de gelo. No início, a frieza é cortante e é quase impossível identificar o que aquelas paredes de transparência difusa ocultam. Mas o calor lentamente derrete aquelas espessas paredes, e aos poucos, os segredos que os olhos de Kristin Scott Thomas escondem se tornam claros. A atriz britânica dá a performance de sua vida em francês. Seus silêncios realmente doem. Mas prepare-se, pois ao final deste grande filme, você estará devastado.

Os Famosos e os Duendes da Morte (Brasil, 2010)

Nota: 9
Para ler escutando: The Sound of Silence – Simon and Garfunkel
Remake americano destruidor: Todo o mistério, que torna o filme tão atraente, seria revelado na primeira cena em uma narração em off dramática e exagerada.
Mini-crítica: “Estar perto não é físico”. A proximidade não é um conceito matemático e não pode ser medida em centímetros, metros e quilômetros. Fantasmas e os sentimentos que estes provocam em nós podem parecer mais próximos do que aquilo que está exatamente do seu lado. A solidão também não é física. Mas ela parece tomar uma forma concreta na pequena e enevoada cidade natal do protagonista de Os Famosos e os Duendes da Morte. Uma cidade tão fechada que exclui inevitavelmente aqueles que nunca a pertenceram. Mas eles nunca saem realmente de lá.
Peço desculpas por ter afirmado tantas vezes que o cinema brasileiro estava improdutivo e estagnado. Esse filme genial, de estrutura européia e roteiro desafiador, merecia a vaga para representar o Brasil na disputa do Oscar. Nos seus primeiros minutos, você pode querer desligar o DVD e desistir daquelas belas imagens incompreensíveis e trilha-sonora folk. Mas não o faça. É tudo parte de algo maior, acredite.