domingo, 25 de julho de 2010

Playlist TTF #10 Mais bandas brasileiras que você pode não conhecer (mas deveria)

E o ciclo se fecha pela primeira vez. Após quase três meses, revisito (como tinha prometido) o tema da primeira lista de músicas aqui postada (dessa vez com um toque de cinema, já que é o principal foco desse blog). Depois de muita pesquisa, depois de escutar MUITAS bandas, algumas boas, que podem aparecer nas próximas listas do tema, algumas ruins, selecionei 7 bandas novas que estão aí pra mostrar, mais uma vez, que existe vida inteligente na música nacional.

E não podia faltar o P.S.: Caso você conheça alguma banda que eu posso não conhecer (mas devia), coloca nos comentários! Essa banda pode estar na próxima edição dessa listinha.

1- Rosie and me

Myspace
Trama Virtual (Download)

Local: Curitiba
Escute primeiro: Bonfires
Poderia ser trilha de: Algo nos moldes de Juno

2-Monaco Beach

Myspace

Bandcamp (Download)

Local: Curitiba
Escute primeiro: Hi, my name is Josh, and have a nice day
Podia ser trilha de: o aguardado Scott Pilgrim Vs. O Mundo


3-The Dead Lover’s Twisted Heart

Myspace
Download no Blog Rock in Press

Local: Belo Horizonte
Escute primeiro: Line 5102
Podia ser trilha de: Um road movie interessante.

4-The Midnight Sisters


Myspace
Site Oficial

Local: São Paulo
Escute primeiro: Fire Walk With Me
Podia ser trilha de: Um bom filme de super-herói. Iron Man ou um novo Motoqueiro Fantasma (bem feito, dessa vez).

5-Holger

Myspace
Trama Virtual

Local:São Paulo
Escute primeiro: Let’em Shine Below
Podia ser trilha de: Uma ótima série adolescente.

6-Banda Gentileza

Myspace
Trama Virtual

Local: Curitiba (o que estão colocando na água do Paraná, hein?)
Escute primeiro: O indecifrável mistério de Jorge Tadeu
Podia ser trilha de: Uma nova obra de Guel Arraes.

7-Thiago Pethit


Myspace
Trama Virtual

Local: São Paulo
Escute primeiro: Mapa-múndi
Podia ser trilha de: Um dos clássicos de Charlie Chaplin.

domingo, 18 de julho de 2010

Playlist TTF #9 – Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima

De tempos em tempos, algo nos derruba do cavalo completamente. Pode ser no âmbito pessoal, profissional, familiar, mas quem nunca conheceu o fundo do poço ainda não viveu o suficiente. E quando uma dessas coisas alcança a gente, numa dessas curvas que a vida faz, é inevitável e compreensível que, por um tempo, fiquemos sentados de forma cômoda no fundo do poço, escutando “Karma Police” e “No Surprises” (Sim, a música ambiente do fundo do poço é do Radiohead). Por um tempinho. Por que aí, do seu lado no fundo do poço, tem uma mola. Frase clichê, mas verdadeira. E pra usar essa mola, a trilha sonora muda. Aí vão alguns exemplos de músicas que são capazes de nos tirar de momentos difíceis.

1-Vienna – Billy Joel

Estilo: Te avisa que você não precisa ter pressa. Desespero não leva a nada.

Trecho-mantra: “Você tem sua paixão, você tem seu orgulho, mas você não sabe que apenas os tolos ficam satisfeitos com isso? Sonhe sempre, não imagine que todos eles vão virar realidade”

(“You've got your passion. You've got your pride,
But don't you know that only fools are satisfied?
Dream on, but don't imagine they'll all come true.”)

2-Ambling Alp - Yeasayer

Estilo: Te consola e te dá aquele espírito de “Eu posso vencer qualquer coisa”.

Trecho-mantra: “O mundo pode ser um lugar injusto às vezes, mas seus pontos baixos vão ser compensados por pontos altos. E se alguém te trair, tirar vantagem de você ou te vencer, levante sua cabeça e vista suas feridas com orgulho.”

(“Now, the world can be an unfair place at times
But your lows will have their complement of highs
And if anyone should cheat you, take advantage of, or beat you
Raise your head and wear your wounds with pride”)

3- Better than this - Keane

Estilo: Tapa na cara. Pra quando você está comodista demais na sua melancolia.

Trecho-mantra: “Você pode dizer que está fazendo o seu melhor, mas você pode fazer muito melhor que isso. Controle-se.”

(“You can tell yourself you're doing your best
You can do so much better than this
Get a grip on yourself”)

4-That’s Life – Frank Sinatra

Estilo: O Blue Eyes te dá um tapinha nas costas digno de avô e te conta que coisas melhores virão.

Trecho-mantra: “Eu disse, a vida é assim, e por mais engraçado que pareça, algumas pessoas se divertem pisando no sonho do outro. Mas eu não deixo isso me derrubar, por que esse bom e velho mundo continua girando”

( “I said that's life (that's life), and as funny as it may seem
Some people get their kicks stompin' on a dream
But I don't let it, let it get me down
'cause this fine old world, it keeps spinnin' around”)

5-Sweet Talk – The Killers

Estilo: Um pedido. Uma última tomada de fôlego antes de uma batalha.

Trecho-mantra: “Me deixe voar, eu preciso de um alívio desta mente problemática. Conserte meus pés quando estiverem tropeçando. Bem, você sabe que dói as vezes. Você sabe que vai sangrar as vezes.”

(“Let me fly
Then I need a release from
this troublesome mind
Fix my feet
When they're stumbling
and well you know it hurts sometimes
You know it's going to bleed sometimes”)

6-Hey Jude- The Beatles

Estilo: Boa para quando nossos problemas nos deixam atônitos como uma criança.

Trecho-mantra: “Ei, Jude, não fique mal, pegue uma canção triste e torne-a melhor, lembre-se de deixá-la entrar no seu coração, e então você pode começar, a melhorá-la.”

(“Hey, Jude, don't make it bad,
take a sad song and make it better
Remember, to let her into your heart,
then you can start, to make it better.”)

7- Dare you to move – Switchfoot

Estilo: Combustível perfeito para a hora da arrancada rumo ao seu objetivo.

Trecho-mantra: “Entre quem você é e quem você poderia ser, entre como as coisas são e como elas poderiam ser, eu te desafio a se mexer.”

(“Between who you are and who you could be
Between how it is and how it should be
I dare you to move”)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Fúria e seus titãs


Filme: Maldito Futebol Clube (The Damned United, 2009)
Nota: 7
Para ler escutando: Represent - Weezer

Neste domingo tivemos uma final de copa do mundo que foi muito mais do que uma final de copa do mundo. Muito mais do que a disputa entre dois países. Foi épico, filosófico. O que vimos nos gramados da África do Sul foi a vitória do futebol-arte quando em confronto com o futebol-força. Foi a justiça sendo feita. Nos tortuosos caminhos de uma copa cheia de erros de arbitragem, a justiça arrumou um jeito de aparecer toda vez. E o time que jogou bonito, o time que, pelo o que me lembro, não ganhou um jogo sequer favorecido pelo apito errado de um juiz, prevaleceu. A Alemanha derrubou a Inglaterra com um gol inválido. A justiça foi feita. A Argentina fez o mesmo com o México em um impedimento escandaloso. A lança de Atena caiu sobre Maradona. Até mesmo sobre nosso país, que mostrou um futebol feio, violento, defensivo e que teve como grande lance um gol com dois toques de mão.
Essa luta entre o futebol bonito e o dito “eficiente” é retratada no filme inglês “Maldito Futebol Clube”. Nesta obra, o personagem (real) Brian Clough, quando assume o posto de técnico do então campeão inglês Leeds United, diz que o time ainda não podia se intitular campeão. Pois cada vitória tinha sido conquistada através de violência, de deslealdade, de injustiça. Não existe mérito na vitória injusta. Existe mais dignidade na derrota do que na vitória injusta. A Holanda de Van Marwijk jogou como o Leeds United que Brian tanto criticava. Desleal, nas agressões físicas explícitas e até mesmo nas devoluções de bola, faltando com o Fair Play tão incentivado pela Fifa. E como na carreira de Clough, interpretado no filme por Michael Sheen (em mais um bom papel biográfico), os pequenos triunfos podem ir para os times “eficientes” (Brasil na Copa das Confederações, por exemplo), mas o futebol bonito recebe as maiores glórias.
“Maldito Futebol Clube” é um filme interessantíssimo para quem gosta de futebol. Após assisti-lo, você adquire uma idéia mais sólida da função e dos problemas de um técnico em um time ou seleção. A individualidade dos jogadores é importante sim, mas a maneira como estes vão se comportar em grupo é responsabilidade daquele que monta e treina o elenco. Quando formado, um time é um organismo próprio e seu cérebro (ou a falta dele) é o treinador. O corpo do organismo pode ser forte, preparado e talentoso, mas se o cérebro não funciona, não se adapta a controlar aqueles membros, o resultado vai ser caótico e descoordenado. Foi o que aconteceu quando o jeito de pensar rígido de Dunga se juntou com a fluidez do futebol brasileiro.
Ok, ao filme. “Maldito futebol clube” não é um filme de esporte que segue uma estrutura comum de filmes de esporte, fato que se acentua no final do filme. É bem dirigido e bem interpretado, mas não é muito interessante para quem não se interessa pelo assunto, assim como esse texto.

A lição do filme é a mesma lição da Copa do Mundo 2010. O verdadeiro futebol não é feito de Felipe Melo e De Jong, mas dos passes de Xavi e dribles de Villa. A garra que levou Diego Forlán ao prêmio de melhor da copa não é a garra violenta, é a garra apaixonada. Das lágrimas de Casillas, jogador símbolo da conquista de uma Fúria nada furiosa.

Na Prateleira #1

Alguns filmes são bons, mas não tem um tema inovador e inspirador o suficiente para gerar um texto inteiro. Alguns filmes não são bons o suficiente para gerar um texto inteiro, ou ruins o suficiente pra me dar vontade de xingar muito no blog (no máximo no tuíter). Por isso, inauguro uma sessão no blog chamada “Na Prateleira”, com comentários breves sobre filmes que antes eu assistia e não dividia minha opinião com vocês.

Filme : Confusões em Família (City Island – 2009)
Nota: 7
Poderia ter na trilha : Heat dies down – Kaiser Chiefs
Você vai gostar se gosta de : Filmes independentes sobre famílias problemáticas.

Com um péssimo título de sessão da tarde, esse filme chegou para mim através da indicação do atendente da locadora, que disse que era uma comédia Cult muito boa. E é verdade, essa família do barulho que apronta altas confusões propicia momentos bem engraçados. Filmes que gastam muito tempo construindo a história são perigosos... se nenhuma maravilha da arquitetura sai depois de tanta construção, a decepção é enorme. “Confusões em família” desenvolve seus personagens e sua trama repleta de mentiras com toda a paciência do mundo, até que as pernas curtas das fachadas de cada personagem se encontram numa cena longa e genial que vale a espera. Sim, assistir um filme inteiro por uma grande cena parece desperdício de tempo, mas não é. Além de Andy Garcia em um bom papel, Emily Mortimer cria uma intrigante Molly, a única personagem que não é parte da disfuncional família Rizzo.

Filme: Coração Louco (Crazy Heart – 2009)
Nota: 8,5
Poderia ter na trilha: Hurt- Johnny Cash
Você vai gostar se gosta de: Country e dramas pequenos

Coração Louco merecia uma crítica grande. Mas não dá pra falar desse sutil e interessante filme de Scott Cooper sem falar sobre seu final. Só posso dizer que é um filme que quase cai na armadilha de ser clichê várias vezes, tratando dos já batidos temas de música, vício e amor, mas consegue escapar em (quase) todas. Assim como a música country, o filme aposta na sinceridade e modéstia, e não se torna excessivamente dramático ou pomposo em nenhum momento. Jeff Bridges, que ganhou o Oscar de melhor ator por seu Bad Blake, é a personificação dessa sutileza do filme. Oscar merecido. A trilha sonora é deliciosa para quem gosta do gênero.

Filme: Os Homens que Encaravam Cabras (The men who stare at goats, 2009)
Nota: 6,5
Poderia ter na trilha: Isle of her - Klaxons
Você vai gostar se gosta de: Dr. Fantástico, Monty Phyton, filmes dos irmãos Coen

Sátira de guerra aos moldes de Dr. Fantástico ou piada interna incompreensível? Esse esforço cinematográfico de Grant Heslov (e uma turma contendo vários dos melhores atores de suas gerações) fica mais na segunda categoria. Non-sense até a última cena, o filme depende menos da força de uma história politizada e séria e mais no timing cômico de George Clooney, Jeff Bridges e de um cada vez mais inexpressivo Ewan McGregor. Eu ri, acho que até mais do que na famosa sátira de Kubrick (eu não gostei de Dr. Fantástico), mas quando os créditos começam a rodar, você pensa: “O que foi isso?”. É o efeito da falta completa de uma história, dá um vazio. Decepcionante. Até pra quem adora humor non-sense.

domingo, 11 de julho de 2010

Playlist TTF #8 – Video killed the radio star

No ínicio de tudo, eram filmagens da banda “ao vivo” (com playbacks claros) que passavam apenas uma vez em programas semanais (vide Fantástico). Aí veio Thriller, e a era das super-produções e da MTV começou. Mas ainda não era visto como arte. Essa missão, de dar novo status ao videoclipe, caiu sobre os ombros de David Fincher (Vogue, Freedom ’90) e Michel Gondry (os melhores do White Stripes), que, após deixar suas marcas no mundo da música, se tornaram grandes cineastas. É claro que para cada Vogue existem 200 Girls Just Wanna Have Fun, e para cada Ela Disse Adeus existem 200 “Japa Girl”s. Tentei juntar nessa lista os melhores clipes que não são mencionados com freqüência nas listas de melhores clipes da década ou da história. Essa lista não é para seus ouvidos, então, fica de olho nessas pequenas obras de arte.

1-Hang me up to dry – Cold War Kids
Tipo de clipe: Preto & Branco
Motivos pelos quais esse clipe é ótimo: A proposta do clipe é ser um trailer para um filme que não existe, e toda vez que eu assisto eu fico com vontade de ver o filme. A fotografia é fantástica e tudo combina com o clima da música.
A música é digna?: Sim, a melhor faixa do Cold War Kids merecia um clipe à altura. Belíssimo riff de baixo.

2-A Thing for Me – Metronomy
Tipo de clipe: Engraçado
Motivos pelos quais esse clipe é ótimo: Eu não canso de assistir o vídeo de A Thing For Me. Começa do jeito mais trash possível, mas rapidamente mostra à que veio. Hilário.
A música é digna?: É igualmente divertida, mas os vocais irritam um pouco.

3-Noites de um verão qualquer – Skank
Tipo de clipe: Nacional
Motivos pelos quais esse clipe é ótimo: Reafirmando o status Cult do caderninho Moleskine, esse clipe do Skank mostra que a produção nacional tem muito à oferecer. Animação genial.
A música é digna?: Uma das melhores faixas do pior cd do Skank. O clipe é bem melhor que a música nesse caso.

4-Strawberry Swing – Coldplay
Tipo de clipe: Fofo
Motivos pelos quais esse clipe é ótimo: Quando eu falava dos meus clipes favoritos há um tempo, The Scientist era presença certa na lista. Mas o Coldplay se superou no poético e romântico vídeo para Strawberry Swing. Animação linda, linda.
A música é digna?: Sim. Apesar de que Strawberry Swing é 500% melhor em versões ao vivo do que na versão de estúdio.

5-Reptilia – The Strokes
Tipo de clipe: Cool
Motivos pelos quais esse clipe é ótimo: É um vídeo simples. Mas é tão, tão, tão cool. Os closes inusitados nos sapatos, mãos e costas dos membros da banda, geniais. O clipe que me fez sonhar em aprender a tocar guitarra.
A música é digna?: 1000 vezes digna.

6-She’s my man – Scissor Sisters
Tipo de clipe: Criativo
Motivos pelos quais esse clipe é ótimo: O efeito das marionetes humanas é absurdamente bem feito (e foi usado novamente com sucesso em um clipe do Two door cinema club) e o resultado é, além de criativo, engraçado. Pertence às duas categorias.
A música é digna?: Não está entre as minhas favoritas da banda, mas é legal.

7-This Momentary – Delphic
Tipo de clipe: Artístico
Motivos pelos quais esse clipe é ótimo: A sensação de assistir à This Momentary é a mesma de ver um enigmático filme de cinema Cult. Realmente te faz sentir, vai além das imagens bem filmadas. Quase um pequeno documentário sobre a devastada Chernobyl.
A música é digna?: Sim, e cria uma atmosfera muito interessante no clipe.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cinema é brincadeira de criança





Filme: Toy Story 3 (Toy Story 3, 2010)
Nota: 9,5
Para ler escutando: You’ve got a friend in me - Randy Newman

Há 15 anos atrás, uma obra mudou completamente a face da animação mundial. E a criança que declarou, após assistir filmes como Toy Story 1 e 2 e Vida de Inseto, que seu sonho era ser animadora da Pixar, cresceu, assim como o Andy universitário de Toy Story 3. E o estúdio que renovou tudo em 1995 cresceu comigo. Foi de filmes mais infantis, como os citados anteriormente, até uma indicação ao Oscar de melhor filme. Quando eu tinha 11 anos e queria humor brilhante com coração, me deram Monstros S.A.. Quando com 13 anos, já me apaixonando por temas mais sérios e um humor non-sense, o presente foi Procurando Nemo. Quando a adolescência já despontava, com o sarcasmo e a rebeldia, Os Incríveis era tudo que eu poderia querer. E quando pisquei o olho, já era uma quase-adulta, assistindo à cinema clássico e europeu, e a Pixar ainda falando mais alto no meu coração, com as sutilezas devastadoras de Wall.e e Up. A Pixar cresceu comigo e com toda uma geração. E depois de tanta evolução, tanta água debaixo da ponte, eles resolvem fechar a sua trilogia de brinquedo. E eu não acreditei que era uma boa idéia. Erro meu.

Toy Story 3 é, talvez, o filme mais equilibrado da lista da Pixar até hoje. Equilíbrio perfeito entre risos e lágrimas. Entre infância e vida adulta. A verdade é que, se todos nós somos como Andy em Toy Story 3, convidados a olhar pra trás antes de andar pra frente, o Andy é também um reflexo do próprio estúdio. Agora que a Pixar é gente grande, seus brilhantes cineastas resolveram reverenciar e revisitar o passado. A cena final expressa a alegria dos homens e mulheres por trás dos computadores e storyboards ao realizar essa obra, ao brincar novamente com Woody e Buzz.
Em Toy Story 3 o humor não se prende à turma de brinquedos já conhecida pelo espectador, e várias cenas hilárias são focadas na figura do Ken. Algumas delas, como a cena na qual a Barbie se disfarça de Ken utilizando uma de suas roupas, são de um humor tão minimalista e inteligente que vários executivos da DreamWorks sentiriam pontadas violentas de inveja ao assistirem. E nesse filme, tem piada pra todas as idades. Nada está preso à referências culturais obscuras. Sobre a parte dramática eu não posso revelar muito. Apenas que Toy Story é uma franquia que orbita em torno de temas como medo de abandono, nostalgia, amizade verdadeira e lealdade. E todos esses temas estão presentes no último capítulo da série, sem que tudo pareça uma reprise dos capítulos anteriores. Mesmo tema, mas um amadurecimento enorme na maneira de contar histórias.
Como a versão que eu vi foi dublada (um agradecimento aos cinemas que resolveram não colocar nenhuma sessão legendada) não posso comentar o desempenho do elenco que, como sempre, conta com Tom Hanks, Tim Allen e Joan Cusack, entre outros. Talvez essa tenha sido a experiência 3D mais agradável e menos agressiva que eu tive. O 3D passa despercebido em várias partes do filme, e pouco vai ser perdido se você escolher ir em uma sessão normal do filme (mas você vai perder a chance de usar aqueles óculos fashion).

Toy Story 3 não é o meu filme favorito da Pixar. Mas é com certeza o mais completo da filmografia do estúdio. Essa história de brinquedo pode ser lúdica, mas deve ser levada a sério, como grande filme que é. Uma história com personagens que poderiam estar em filmes live-action. Vilões e heróis que poderiam ser de carne e osso. Mas que bom que não são. Pois se fossem, não teríamos um dos maiores clássicos da animação. E com o fim do ciclo de Woody, Buzz e companhia, a Pixar tem certeza que fez uma trilogia que será “eterna”. Toy Story é um brinquedo que não merece o sótão. Merece sempre uma nova criança para entreter, ou a mesma velha criança dentro de nós, que precisa de acordar de tempos em tempos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Simples assim


Filme: Simplesmente Complicado (It’s Complicated, 2009)
Nota: 7,25
Para ler escutando: Wouldn’t it be Nice – The Beach Boys

Envelhecer não é tão complicado hoje em dia. No passado, o medo de ficar velho era tão grande que muitos preferiam “Live fast and die young” do que se conformar com a era dos cabelos brancos. Mas agora, com os avanços da medicina, envelhecer deixou de ser sinônimo para apatia, dores e tédio, e virou uma continuação natural da vida, e o melhor, sem tantas amarras. A partir dessa evolução, o cinema se sentiu na obrigação de divulgar esse novo estilo de vida para os incrédulos, e uma nova moda surgiu: Filmes que mostram pessoas de meia-idade revolucionando suas vidas. Como em toda modinha que toma Hollywood de assalto, primeiro vem a onda de filmes medianos, a técnica se apura, um filme definitivo é lançado, e depois é só descida, cópias sem criatividade, até que o sub-gênero morre. E “Simplesmente Complicado” é o filme definitivo nesse caso.

Até em terras nacionais tivemos películas do gênero, como “A Partilha” (hilário, por sinal) e “Divã” (não me convenceu). Inclusive, um questionamento: Por que 70% dos filmes sobre meia-idade precisam de incluir uma cena com a personagem principal chapada? Reflitam. A piada é sempre a mesma, só muda a grande atriz que vai rir, dançar e comer descontroladamente. A piada teve graça da primeira vez, no caso, em “A Partilha”. Agora já está ficando perturbador. Daqui a pouco, se você escutar um Reggae vindo da casa da sua vizinha, suspeite.

Nancy Meyers, a diretora de “Simplesmente Complicado”, já tinha se enveredado por esse território no extremamente decepcionante “Alguém tem que ceder”. No filme de 2003, Nancy tinha Diane Keaton E Jack Nicholson à sua disposição e absolutamente nada saiu dali. O tipo de filme do qual só os seus pais acham graça. Dessa vez, a diretora reuniu novamente um elenco genial, talvez melhor do que o de seu esforço mal-sucedido, mas transformou todo esse talento num filme com um timing cômico que funciona para qualquer um.

O elenco é, com certeza, a atração principal de “Simplesmente Complicado”. É por esse filme que Meryl Streep deveria ter sido indicada ao Oscar, se o mundo fosse justo com as comédias sem pretensões biográficas, não por sua Julia Child de sotaque forçado. Meryl está tão natural que não parece estar atuando em nenhum momento. Sou fã do Alec Baldwin desde que descobri Jack Donaghy, da melhor série de comédia dos últimos anos, 30 Rock. E ele continua sua boa fase como Jake Adler. Sobre o Steve Martin, ele realmente abandonou seu “eu” comediante dos anos 80/90. Se foi uma boa escolha? Não sei. Steve está sutil e agradável nesta obra, mas se ele conseguisse voltar à velha forma, a comédia agradeceria. E no meio de monstros sagrados como esses, um novato continua mostrando uma competência enorme. John Krasinski rouba a cena em alguns momentos como o genro de Meryl e Alec, e se consolida como a imagem do “engraçadinho que é pra casar” que já tinha mostrado em “Por uma vida melhor”.

Para um filme preso à um sub-gênero como esse, “Simplesmente Complicado” brilha exatamente pois é, acima de rótulos, uma comédia romântica bem escrita, com um tema original e que não força a barra na sacarose. É moderna e bem pensada. Os personagens são sim, “complicados” e os caminhos e escolhas que fazem são mais humanos, reais. Nesse filme sobre envelhecer, o verdadeiro tema é mais amplo: O Tempo. Ele é capaz de mudar pessoas, transformar sentimentos, fazer desaparecer os problemas? E vale a pena apostar nesse velho senhor impiedoso e simplesmente esperar?

domingo, 4 de julho de 2010

Playlist TTF #7 – Hit the road, reader! But come back, please.

E chegam as férias e, com elas, a possibilidade de seu filme virar um Road movie.A liberdade, as linhas, as montanhas, vales e praias passando fugazes pela sua janela. A idéia de fugir do tédio de sua vida normal e de sua cidade indo pra algum lugar que, provavelmente, seria mais entediante ainda se você morasse nele (porém, quando vamos embora após uma ou duas semanas, sempre pensamos que queríamos morar ali). Playlists de viagem são uma coisa extremamente pessoal (por isso que é tão legal quando o dono do carro tem um gosto incompatível com o seu), mas resolvi colocar aqui o que seria uma versão resumida de uma playlist de viagem padrão minha. Com uma lista dessas, dormir na Estrada é para os fracos.

P.S.: Essa semana, especialmente, a Playlist TTF vem com 14 faixas! Semana passada não pude colocar nada no Blog, semana de provas, you know, e resolvi compensar nesse primeiro domingo de férias.

1-Tiny Dancer – Elton John
Um dia eu ainda puxo uma cantoria de Tiny Dancer num ônibus. Mas por enquanto, só escutar essa inesquecível parte de “Quase Famosos” na estrada já é épico o suficiente.

2-Thunder Road – Bruce Springsteen
Quer alongar essa playlist para que ela dure a viagem inteira? Te dou uma dica: Coloca a discografia inteira do The Boss. Eu não poderia ter escolhido a já batida Born to run quando uma das melhores músicas de todos os tempos evoca estradas do trovão, e capôs de velhos chevrolets. Abaixe os vidros e sinta o vento nos seus cabelos, por que O Chefe mandou.

3-Miles Davis and the Cool – The Gaslight Anthem
Essa já te dá o recado: Não demore muito pra voltar para casa. Mas o mais pomposo dos hinos contidos no segundo álbum dos garotos de Jersey parece mais uma boa trilha para acelerar rumo a um pôr-do-sol.

4-The Way - Fastball
Uma escolha óbvia, essa aqui… Funcionaria mais numa estrada desértica da Califórnia, mas é trilha genial para uma viagem com os amigos. A letra é convite para cantar junto sem pensar que, ao contrário do que diz a música, você tem sim dia certo pra voltar.

5-Dog Days Are Over – Florence + the machine
Os dias de cão acabaram, então agora você pode fugir de tudo. Férias, anyone? Sim, Florence estava falando de algo mais profundo que isso, mas que a felicidade me acertou como uma bala na cabeça, quando eu terminei a última prova do período, ah, acertou.

6-Driftwood - Travis
Alguns corações precisam de movimento, não podem fixar raízes, seguem o fluxo dos rios sem hora para parar. É isso que Fran Healy canta aqui, e mesmo que você não seja um viajante solitário, a melhor música que o Travis já gravou é ótima para entrar no espírito de viagem.

7-Conversation – Colin Hay
A única realmente triste da Playlist, está aí por que sempre esteve na minha lista de viagem. A batida do violão e a voz meio country do ex-vocalista do Men At Work combinam com a vista das montanhas castigadas pela mineração em Minas. *Essa não tem no Youtube, mas aí vai o link incluindo Download no site da Daytrotter...melhor ainda, não é?*

8-O Vento – Los Hermanos
Outra banda que merece um cd inteiro na sua viagem, e nem precisa de grandes introduções. Um toque de Brasil na Playlist, coisa que tava faltando nas últimas listas do TTF.

9-Place out on the ocean – Jamey Johnson
Confirmando aqui minha fase Folk/Country, a voz grave e as guitarras que choram dessa aposta da Spin Magazine, Jamey Johnson. A letra fala de um novo horizonte, um paraíso, um lugar pertinho do mar. Dá pra combinar mais?

10-Chicago – Sufjan Stevens
Trilha do meu filme favorito, que é o Road-movie Pequena Miss Sunshine, pode ser a trilha da sua viagem em família, mesmo que não inclua um avô no porta-malas e uma Kombi amarela. Ou que inclua, vai saber...

11- Won’t turn back – Needtobreathe
Essa é ótima se, ao viajar, você está deixando alguém importante para trás. Mas fica calmo porque em breve você estará de volta. Ps: A versão de estúdio é melhor, a voz do cara tá parecendo a do Caleb Followill, mas não achei no YouTube.


12-Ridin’ in my car – She and Him

É, você não tem um conversível ou um Cinquecento numa estrada da Toscana, mas isso não é um motivo para você não ouvir o delicioso som retrô do She and Him.

13- There goes the fear - Doves
Nem acredito que a melhor canção do Doves é a primeira faixa da trilha de “500 dias com ela” a aparecer por aqui. Obsessão é uma boa palavra para a minha relação com esse cd, e a trilha da sensacional cena da loja Ikea se torna, nessa versão acústica, essencial para aquela viagem noturna que você está fazendo, com o peso dos seus olhos afetado pelo remédio para enjôo.

14- Paisagem da Janela – Lô Borges
Tive que colocar essa sabia por quê? Porque você pode estar viajando para Minas Gerais! Se for o seu caso, essa faixa clássica não pode faltar! Um hino para as cidades e estradas do estado do Uai.