sábado, 11 de setembro de 2010

Na Prateleira #2

E a seção mais preguiçosa do blog está de volta, depois de muito tempo. Essa demora é um ótimo sinal, pois indica que os últimos filmes que assisti, mesmo os ruins, me fizeram pensar e escrever alguma coisa mais substancial. Mas é impossível fugir dos filmes mais inexpressivos por muito tempo, afinal, eles representam a maior parte das prateleiras das locadoras e grande parte da péssima programação atual das salas de cinema. Vamos ao que interessa então?

Filme: Harry Brown (Harry Brown – 2009)
Nota: 5,75
Poderia ter na trilha: Runaway – The National
Você vai gostar se gosta de: Uma fusão de Busca Implacável, Skins, Laranja Mecânica e Breaking Bad.

Stanley Kubrick e Anthony Burgess estavam certos. Os jovens estão cada vez mais abraçando a ultra-violência, e a gangue de Laranja Mecânica está parecendo cada vez menos ficcional. Antes, jovens se drogavam e lutavam pois tinham ideais e sonhos, agora, eles o fazem pois os ideais acabaram. A juventude de hoje luta por nada. E é essa realidade que é mostrada nesse violento drama protagonizado por Michael Caine (competente, porém nada impressionante) sobre um fuzileiro aposentado que, após perder seu melhor amigo para a violência das gangues inglesas, resolve fazer justiça com as próprias mãos. O filme, assim como eu, não parece concordar com as ações do agressivo e amargurado Harry, que acaba com as vidas de meras crianças (que estavam, ok, se autodestruindo) mesmo quando existem outras possibilidades. Ele tem provas suficientes para mandar os jovens delinqüentes para a cadeia porém escolhe o caminho da arma. Emily Mortimer está decepcionante como uma policial idealista e Jack O’Connell mostra que o elenco adolescente de Skins promete. A direção até funciona em cenas claustrofóbicas e densas como a da compra da arma. Com um final completamente improvável e furado, e um personagem que falha em ganhar a empatia do público, Harry Brown fica bem abaixo das expectativas.

Filme: Uma Noite Fora de Série (Date Night, 2010)
Nota: 4,25
Poderia ter na trilha: New in town – Little Boots
Você vai gostar se gosta de: Comédias de ação sem muita substância

Sabe quando aquele casal lindo anuncia que está esperando um filho e você logo pensa: "Nossa, essa criança vai ser maravilhosa"? Então, acredite, esse bebê pode nascer feio. E quando anunciaram uma comédia capitaneada por duas pessoas que, para mim, representam o MELHOR do humor atual, eu pensei que o filme ia ser divino, e num chega nem perto disso. O filho feio de Tina Fey, roteirista genial de Meninas Malvadas, criadora de 30 Rock e coração da geração recente de filhos do Saturday Night Live, e Steve Carell, o homem que começou roubando a cena em filmes de outros humoristas e virou o ator mais carismático das telonas, nos trazendo personagens humanos e adoráveis, falha pois não decide o caminho que quer tomar. Se Shawn Levy, diretor medíocre que sempre erra a mão mesmo com elencos sensacionais, escolhesse um humor mais classudo e baseado em diálogos, como o observado no início desse filme, e mantivesse sua escolha, “Uma Noite Fora de Série” seria realmente genial. Mas Levy arrasta seu elenco para a comédia física e pastelão, gerando uma série interminável de clichês e cenas desnecessárias (Mark Wahlberg fazendo um papel que era destinado ao Marcos Pasquim). Uma pena.

Filme: Se beber, não case (The Hangover, 2009)
Nota: 9
Poderia ter na trilha: Chelsea Dagger – The Fratellis
Você vai gostar se gosta de: Besteirol com coração e cérebro

Tudo começou com o Frat Pack. Para quem não sabe, essa é a denominação dada pelos americanos à turma de Stiller, Black, Ferrell, Vaughn e os Wilson. A comédia escrachada orientada para adultos entrava na sua era dourada. Porém, as coisas ainda não estavam funcionando bem. Foi quando Judd Apatow entrou no time e trouxe inteligência e até mesmo sensibilidade para o mundo das piadas de duplo sentido, cerveja e palavrões. Depois dos marcos no gênero que foram “O Virgem de 40 anos”, “Ligeiramente grávidos” e “O âncora”, que apresentaram os novos ídolos do gênero, Steve Carell, Paul Rudd e Seth Rogen, Todd Philips cria o filme definitivo. “Se Beber, Não Case” não apresenta pontos fracos gritantes. Um roteiro profundamente inventivo (coisa raríssima em comédias), um elenco que surpreende, com ótimas interpretações de Zach Galifianakis, Bradley Cooper e o meu favorito ali, Ed Helms, e uma direção bem feita mostram que as piadas devem vir com o desenvolvimento da história. Numa época que os roteiros são feitos apenas para conectar piadas dignas de trailer, isso é um alívio. Depois desses bons exemplos, tá na hora de abandonar o preconceito e aceitar a dominação mundial que esses eternos frat boys (rapazes de repúblicas nas universidades americanas) estão comandando.

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