quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cinema é brincadeira de criança





Filme: Toy Story 3 (Toy Story 3, 2010)
Nota: 9,5
Para ler escutando: You’ve got a friend in me - Randy Newman

Há 15 anos atrás, uma obra mudou completamente a face da animação mundial. E a criança que declarou, após assistir filmes como Toy Story 1 e 2 e Vida de Inseto, que seu sonho era ser animadora da Pixar, cresceu, assim como o Andy universitário de Toy Story 3. E o estúdio que renovou tudo em 1995 cresceu comigo. Foi de filmes mais infantis, como os citados anteriormente, até uma indicação ao Oscar de melhor filme. Quando eu tinha 11 anos e queria humor brilhante com coração, me deram Monstros S.A.. Quando com 13 anos, já me apaixonando por temas mais sérios e um humor non-sense, o presente foi Procurando Nemo. Quando a adolescência já despontava, com o sarcasmo e a rebeldia, Os Incríveis era tudo que eu poderia querer. E quando pisquei o olho, já era uma quase-adulta, assistindo à cinema clássico e europeu, e a Pixar ainda falando mais alto no meu coração, com as sutilezas devastadoras de Wall.e e Up. A Pixar cresceu comigo e com toda uma geração. E depois de tanta evolução, tanta água debaixo da ponte, eles resolvem fechar a sua trilogia de brinquedo. E eu não acreditei que era uma boa idéia. Erro meu.

Toy Story 3 é, talvez, o filme mais equilibrado da lista da Pixar até hoje. Equilíbrio perfeito entre risos e lágrimas. Entre infância e vida adulta. A verdade é que, se todos nós somos como Andy em Toy Story 3, convidados a olhar pra trás antes de andar pra frente, o Andy é também um reflexo do próprio estúdio. Agora que a Pixar é gente grande, seus brilhantes cineastas resolveram reverenciar e revisitar o passado. A cena final expressa a alegria dos homens e mulheres por trás dos computadores e storyboards ao realizar essa obra, ao brincar novamente com Woody e Buzz.
Em Toy Story 3 o humor não se prende à turma de brinquedos já conhecida pelo espectador, e várias cenas hilárias são focadas na figura do Ken. Algumas delas, como a cena na qual a Barbie se disfarça de Ken utilizando uma de suas roupas, são de um humor tão minimalista e inteligente que vários executivos da DreamWorks sentiriam pontadas violentas de inveja ao assistirem. E nesse filme, tem piada pra todas as idades. Nada está preso à referências culturais obscuras. Sobre a parte dramática eu não posso revelar muito. Apenas que Toy Story é uma franquia que orbita em torno de temas como medo de abandono, nostalgia, amizade verdadeira e lealdade. E todos esses temas estão presentes no último capítulo da série, sem que tudo pareça uma reprise dos capítulos anteriores. Mesmo tema, mas um amadurecimento enorme na maneira de contar histórias.
Como a versão que eu vi foi dublada (um agradecimento aos cinemas que resolveram não colocar nenhuma sessão legendada) não posso comentar o desempenho do elenco que, como sempre, conta com Tom Hanks, Tim Allen e Joan Cusack, entre outros. Talvez essa tenha sido a experiência 3D mais agradável e menos agressiva que eu tive. O 3D passa despercebido em várias partes do filme, e pouco vai ser perdido se você escolher ir em uma sessão normal do filme (mas você vai perder a chance de usar aqueles óculos fashion).

Toy Story 3 não é o meu filme favorito da Pixar. Mas é com certeza o mais completo da filmografia do estúdio. Essa história de brinquedo pode ser lúdica, mas deve ser levada a sério, como grande filme que é. Uma história com personagens que poderiam estar em filmes live-action. Vilões e heróis que poderiam ser de carne e osso. Mas que bom que não são. Pois se fossem, não teríamos um dos maiores clássicos da animação. E com o fim do ciclo de Woody, Buzz e companhia, a Pixar tem certeza que fez uma trilogia que será “eterna”. Toy Story é um brinquedo que não merece o sótão. Merece sempre uma nova criança para entreter, ou a mesma velha criança dentro de nós, que precisa de acordar de tempos em tempos.

Um comentário:

  1. Me deu ainda mais vontade de conferir!

    Achava que seria um filme interessante, mas bobinho, e apenas para entretenimento; assistiria mais pra relembrar a infância mesmo. Mas se esse filme está a altura de Up, que é a animação mais incrível que eu assisti e que com certeza está entre um dos meus filmes preferidos, a expectativa aumenta e muito!

    Muito legal essa iniciativa da Pixar de fazer animação "pra gente grande", parece mesmo que o estúdio cresce com a gente. Agora to doido pra ir assistir o filme, nesse fim de semana com certeza irei!

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