sexta-feira, 26 de março de 2010
A segunda impressão é a que conta
Para ler escutando: Vampire Weekend – Giving up the gun
Um bom álbum de estréia é uma coisa extremamente importante na trajetória de uma banda. É o primeiro álbum que cria uma base de fãs, que impressiona ou não a crítica, que define como que a banda trilhará seu caminho para o sucesso. Se o primeiro álbum é ruim, fica difícil se recuperar da queda e evoluir a ponto de se tornar uma grande banda. Se o primeiro álbum é razoável, os caminhos ficam na mesma. Já se o primeiro álbum é ótimo, aclamado pela crítica, sucesso de público, digno de uma posição nos melhores de seu ano de lançamento... Aí, as pessoas começam a falar da “Maldição do Segundo Álbum”.
Se uma banda já se torna Cult no cd de estréia, qual direção ela deve tomar no seu segundo? Alterar seu estilo pra não estagnar, ou seguir exatamente com a fórmula do primeiro, pois não se mexe em time vencedor? E nesse dilema muitas bandas se perdem.
Mas eu não acredito na “Maldição do Segundo Álbum”. Sabia por quê? Essa semana, empolgada com um ano cheio de segundos lançamentos de ótimas bandas, percebi que a maioria dos meus álbuns favoritos de cada uma das minhas bandas favoritas são exemplares dessa maldita classe. Coldplay? A Rush of Blood to The Head. Keane? Under The Iron Sea. The Killers? Sam’s town. Radiohead? The Bends.The Strokes? Room on fire.The Gaslight Anthem? The 59’ Sound. Editors? An end has a start. E por aí vai, Interpol, The Shins, We are Scientists,Lily Allen, Doves, Jack Johnson, Jason Mraz, Kings of convenience… E nos casos nos quais o cd favorito é o terceiro, ou primeiro, ou seja lá qual for, eu geralmente fico entre o próprio e o segundo (casos de Snow Patrol, Arctic Monkeys, Foo Fighters e Travis por exemplo). Por que será?
Acho que simplesmente porque é no segundo disco que a banda define sua identidade. Por exemplo, Los Hermanos deixaram pra trás um hit estrondoso (Anna Júlia) para mexer com novos sons em Todo Carnaval Tem Seu Fim, e o risco valeu a pena.
Podem ser discos que não te conquistam de primeira, mas para mim, são discos mais complexos e interessantes, e que, pelo o que eu observei em minha pesquisa, geralmente geram pelo menos um single que vira símbolo da banda.
Outro detalhe interessante que reparei é que, fora da época dos blogs, que popularizam uma banda antes mesmo de que esta lance um EP sequer, as bandas antigas apresentavam segundos LPs geralmente inexpressivos, quando comparados com os álbuns posteriores.Eles geralmente pareciam continuações do primeiro. Porque? Por que não havia pressão para que nada fosse mudado. Por que o sucesso da banda ainda era pequeno. As coisas não aconteciam tão rapidamente como hoje.
Como entusiasta desses cd’s “vítimas da maldição”, estou feliz esse ano. Vampire Weekend conseguiu superar seu ótimo esforço de estréia e abriu 2010 com o genial Contra. She and Him, a banda de Zooey Deschanel e M. Ward superou todas as minhas expectativas com o Volume II, que para mim está há anos-luz do seu antecessor. Os caras do Foals já lançaram duas faixas de seu Total Life Forever, e apresentaram um amadurecimento fantástico de Antidotes para cá. Ainda aguardo Klaxons e Sara Bareilles e seus novos esforços com muita ansiedade.
Pena que uma banda resolveu construir uma prova concreta da lenda do segundo disco ruim. O MGMT, que nos premiou com um dos melhores discos de 2008, Oracular Spectacular, decepcionou DE VERDADE com seu novíssimo Congratulations. Com o intuito de ousar, abandonaram o pop eletrônico que tanto popularizaram há dois anos e abraçaram um som esquisito, com mais guitarras. Não gosto de nenhum cd no qual você não percebe que a faixa mudou, contínuo demais, fica chato.Ainda mais quando a música que nunca termina já não seria boa com 3 minutos de duração. Junto com o 4º cd do Gorillaz, a dupla norte-americana entra para a lista de grandes decepções do ano. Espero que essa lista seja curta.
A verdade é que o segundo disco é a prova de fogo que separa as bandas que deram sorte e ganharam uma atenção que não conseguirão manter, e as ótimas bandas de verdade (fora algumas exceções, de bandas que conseguem se recuperar de um fracasso). Se você passa no teste com louvor, é porque não vai sumir tão cedo dos nossos fones de ouvido.
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