sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O Feitiço de Pandora


Algumas resenhas de filme você tem que escrever assim que chega da sala de cinema. Se você esperar demais, você perde aquela fala, aquela referência, aquela comparação que você fez na sua cabeça em um certo momento do filme. Mas a primeira impressão que alguns filmes te deixam pode ser ilusória. Por isso, fico feliz de não ter escrito nada sobre Avatar no dia em que cheguei de uma pré-estréia, em toda a glória do Real3D, sonhando em ir pra Pandora.
Avatar já deixou de ser só um filme, virou uma febre, uma epidemia. As sessões estão sempre lotadas, de pessoas que já estão assistindo pela 2ª, 3ª vez, e o filme já é a maior bilheteria da história. E admito, merece todas essas glórias de blockbuster, pois é perfeito como entretenimento. É visualmente maravilhoso, em 3D ou não, o mundo que James Cameron criou, e a mensagem que o filme passa, em tempos de aquecimento global, é urgente.
Mas aí vieram os Golden Globes, e Avatar ganha o grande prêmio da noite, Melhor Filme. Foi quando comecei a refletir. Exatamente o que está sendo premiado aqui?
O roteiro do filme, como muita gente já percebeu, é praticamente igual ao de Pocahontas. Mas até aí, ok, desde quando “adaptar” uma história antiga não pode valer Oscar? Aí, partimos para a performance do elenco. Como parte do filme é um desenho animado, e a parte em live-action não desafia atores como Sigourney Weaver e ainda não mostra nenhum talento fora-de-série para o novo herói de ação do cinema, Sam Worthington, o filme não ganha pontos nesse quesito. Já ta começando a ficar mais grave, um filme com duas falhas como essas ganhar prêmio de melhor filme.
Eu sempre disse que a Academia tinha que ignorar os preconceitos e premiar o tipo de cinema que nos fascina, que traz de volta nosso olhar de criança, que encanta. Mas depois de ignorar tantos blockbusters fantásticos, como E.T. O Extraterrestre, Star Wars, e grande parte da obra dos estúdios Disney,que hipnotizavam sem precisar de óculos 3D para isso, premiar Avatar me parece uma injustiça inaceitável. E se, nessa noite de gala que teremos em março, a estatueta principal for para Pandora, a pergunta que vai ficar na minha cabeça quando a cerimônia acabar é: Porque só o James Cameron ganha prêmios por filmes pomposos?

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