domingo, 17 de junho de 2012

Antologia TTF #2 - Momentos do cinema

Um bom cinéfilo nasce cinéfilo? Talvez. Talvez exista uma sensibilidade que antecede até mesmo o primeiro filme que assistimos na vida, uma mania de ver o mundo através de cenas, de enquadrar e registrar com os olhos e com memórias a poesia do cotidiano. Mas pode perguntar para qualquer cinéfilo - todos nós possuimos aquela lista de momentos os quais creditamos toda a culpa (na verdade, a honra) de nos transformar em apaixonados pela sétima arte.

Mais do que nunca me sinto na obrigação de repetir: a Antologia TTF não é um post que escolhe as melhores, mais bem dirigidas ou mais importantes, é um post em que revelo meus favoritos pessoais, cenas que são recorrentes na minha mente. Isso me faz deixar muitos mestres da técnica de fora da lista, então, me perdoem Scorsese, Antonioni, Resnais ou Hitchcock.




Cena final de Os Incompreendidos (François Truffaut)

Minha cena favorita da história do cinema, dirigida pelo meu maior ídolo da sétima arte. Eu revejo essa cena (inclusive, com diferentes trilhas que eu coloco em outras abas, como Belle & Sebastian e Elbow) mais de uma vez por mês, e é basicamente a cena que eu gostaria de ter dirigido na vida.



Conversa entre Dwayne e Frank no Pier em Pequena Miss Sunshine (Jonathan Dayton e Valerie Faris)

Se eu posso culpar uma cena por me trazer de vez para o time dos cinéfilos, a culpa era desse momento entre Paul Dano e Steve Carell, com um dos meus pedaços de roteiro favoritos da história do cinema. A importância que as falas de Dwayne e Frank nesse trecho têm para uma adolescente em crise é indescritível.



Expectativas vs. Realidade em 500 dias com ela (Marc Webb)

Antes mesmo de começar a ler essa lista, você poderia acertar a presença dessa cena nela. Afinal, que clichê, uma blogueira indie com um ponto fraco por comédias românticas tem como parte de sua programação o amor pela obra de Marc Webb. Mas eu realmente acho que nunca uma cena de um romance no cinema foi tão, tão verdadeira.



"Ninguém é perfeito" em Quanto mais quente melhor (Billy Wilder)

Eu poderia encher esse texto de rodeios, mas não. Tudo o que posso dizer é: essa é a melhor fala da história das comédias. Talvez, sem exagero, a melhor fala da história do cinema.



Dança coreografada em Bande à Part (Jean-Luc Godard)


Preciso urgentemente aprender essa coreografia, sair em algum bar estiloso, com roupa estilo Nouvelle Vague e dançá-la com uma música do Beirut como East Harlem ao fundo. É realmente uma necessidade, gerada por um dos melhores momentos do meu filme favorito desse tal de Godard.



Sequência dos dois Barcos em O Cavaleiro das Trevas (Christopher Nolan)

Qual cena escolher dos filmes do meu diretor vivo favorito? Entre inúmeras cenas de Inception, Amnésia, O Grande Truque, escolhi o momento mais tenso e psicologicamente complexo da obra-prima policial/HQ de Nolan, o Cavaleiro das Trevas. O que mais você pode querer se uma cena consegue ao mesmo tempo equilibrar entretenimento e reflexão?



Os beijos deletados de Cinema Paradiso (Giuseppe Tornatore)

Melhor demonstração do amor pelo cinema e por sua influência na vida de um indivíduo feita até hoje. O desafio é assistir essa cena e não chorar/abraçar a TV.



Passeio de Bicicleta em Butch Cassidy (George Roy Hill)

Ao lado da definição de "Felicidade" no dicionário deveria haver um link para esse vídeo. Se eu fosse enviar algo para explicar os aliens o que é "Alegria", enviaria esse vídeo.



Primeira cena de Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino)

A cena mais assustadora e tensa da história não tem um fantasma ou criatura sobrenatural - mas tem um monstro humano, assustadoramente louco e inteligente, em um jogo elétrico de gato e rato.



Cantando no ônibus em Quase Famosos (Cameron Crowe)


Ainda não arrumei um grupo em uma excursão de ônibus que estivesse disposto a repetir essa cena. Uma pena.



Moon River em Bonequinha de Luxo (Blake Edwards)

Toda vez que assisto essa pequena cena eu tenho vontade de agradecer ao Henry Mancini por uma das músicas mais lindas que eu já ouvi. Curiosamente, agradecer ao compositor célebre foi o que Audrey também fez, em uma carta.



Heath Ledger canta nas arquibancadas (Gil Junger)


A declaração de amor (mesmo que não completamente verdadeiro naquele momento) mais épica e triunfal. E uma cena que ganhou ares tristes depois que perdemos nosso Patrick para todo o sempre.



Cena da bicicleta em E.T. (Steven Spielberg)

Você vê essa cena quando é ainda criança. 99% das pequenas pessoas pensam "queria ser o garoto na bicicleta". 1% das pequenas pessoas pensam "queria ser o Spielberg". E assim o mundo do cinema ganha novos adeptos.



Cena final de Noites de Cabíria (Federico Fellini)

Fellini é o mestre na arte das cenas finais poéticas e levemente melancólicas. A eleita aqui poderia ser a de 8 1/2 (meu favorito do diretor) ou a de A Estrada, mas fiquemos com a procissão de Noites de Cabíria.



"Vai, Mordecai" (Wes Anderson)

Nem sei o motivo da minha fixação com Luke "Richie Tenenbaum" Wilson, seu falcão e essa cena, só sei que repito várias vezes por semana que esse será o nome da minha futura (e completamente hipotética) banda.



A cena de estupro de Dogville (Lars von trier)

Agora vocês provavelmente devem estar preocupados comigo e com minha escolha de uma das cenas mais repulsivas, agoniantes e angustiantes da história do cinema. Mas o jeito que ela foi filmada, mostrando a indiferença das pessoas que permanecem em suas rotinas sem ao menos imaginar o que acontece entre as quatro paredes do vizinho faz dessa a cena mais "haunting" de todos os tempos. A segunda cena mais forte do filme está aqui.

Monólogo de Ingrid Bergman em Sonata de Outono (Ingmar Bergman)

Quando um Bergman gênio se junta com uma Bergman igualmente genial, o resultado só poderia ser esse.



Alvy Singer e seus amigos de escola (Woody Allen)

O melhor momento da escola de roteiros ácidos e ranzinzas de Allen, auxiliados por pequenos atores com um timing cômico mais preciso que todo o elenco dos programas humorísticos brasileiros. Veja a cena aqui.

O motivo da detenção em Clube dos Cinco (John Hughes)



A conversa final de Clube dos Cinco é o momento em que todos os estereótipos adolescentes são construídos, desconstruídos, colocados em foco, ignorados, até que John Hughes consegue mostrar em uma só cena tudo aquilo que define o ser adolescente.

Corredor em chamas em Barton Fink (Joel Coen)

Vi esse filme no fim de semana passado e ele já virou meu favorito dos Coen, e talvez um dos favoritos da vida.

Final de Luzes da Cidade (Charlie Chaplin)

Choro. toda. vez. Isso sim, amigos, é cinema.

Um comentário:

  1. Gostei demais, Ana. Compartilho de um bocado de opiniões e acho até que vou elaborar minha própria lista, haha! :)

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