Fale o que quiser dos discos lançados em 2011, mas uma coisa é certa: o ano foi repleto de excelentes faixas avulsas. A lista de melhores faixas do ano, para mim, exigiu um trabalho quase que torturante de auto-edição. Por isso, deixo aqui na introdução quase que uma lista paralela. As minhas menções honrosas vão para as faixas que não entraram na lista por milésimos - High Hawk Season, do Mountain Goats, American Goldwing, do Blitzen Trapper, Yer Spring, do Hey Rosetta, Midnight City, do M83, The Look, do Metronomy, The Wilhelm Scream, de James Blake, Michigan, de The Milk Carton Kids, Circuital do My Morning Jacket, Ten-twenty-ten do Generationals, Wake and be fine do Okkervil River. Ufa, acabaram as menções.
Quase todas as listas de melhores faixas da blogosfera incluem apenas um pequeno player com as respectivas músicas em versão de estúdio. Mas Faustão já diria (e eu nunca diria que um dia citaria Faustão em um post): quem sabe, faz ao vivo. E esse conjunto de artistas, mestres em seus ofícios, merecem um reconhecimento especial ao talento que possuem para apresentar suas obras-primas perante o público. Música não é uma atividade restrita aos fones e às caixas de som do PC. É ao vivo que uma faixa mostra seu verdadeiro poder. Então, enquanto esses grupos não resolvem percorrer o Brasil com seus shows, aí está uma pequena coleção de vídeos, ao vivo e a cores, das melhores músicas com as quais 2011 nos presenteou.
20- Thurston Moore - Benediction
Demolished Thoughts perde sua força em sua uniformidade. Mas quando a fórmula acústica de Thurston Moore funciona perfeitamente, o resultado é Benediction, uma das faixas de beleza mais sutil em 2011.
19- Manchester Orchestra - Virgin
Catarse completa. Essa é a proposta de Simple Math, álbum conceito da Manchester Orchestra lançado em 2011, e trabalho completamente confessional de Andy Hull. Um disco impressionante em toda a sua tracklist, mas é Virgin que assombra pelos cantos e se torna monstruosa, em um bom sentido, ao vivo.
18- Laura Marling - Sophia
É difícil decidir entre Sophia e The Beast na hora de escolher o grande destaque do excelente A Creature I Don't Know. É uma questão constante de estado de espírito. Então, tudo o que posso dizer é que hoje, a vitória vai para o dedilhar rápido dos violões e mandolins de Sophia.
17- The Rural Alberta Advantage - Tornado '87
Uma faixa que equilibra a energia de um Tornado com a tristeza que a devastação causada pelo mesmo traz só poderia sair da voz de Nils Edenhoff, o novo Jeff Mangum, e a bateria frenética de Paul Banwatt.
16- Florence + The Machine - No Light No Light
Quando ouvi Ceremonials pela primeira vez, No Light No Light foi ofuscada por Shake it Out, What the water gave me e até Never let me go. Mas aí nosso amigo Jools Holland convocou Florence Welch para o seu programa, e o que ela fez foi mostrar como No Light No Light não é apenas a melhor música do seu novo álbum: é a sua melhor música.
15- Wild Flag - Romance
A música mais divertida de 2011 é uma declaração de amor... para a música, e seu poder de causar essa diversão e euforia que curiosamente, Romance encarna tão bem. É quase Inception. Um hino que saiu das guitarras de quatro veteranas. Se você ainda não for convencido do poder do simples rock'n'roll no trecho de Janet Weiss em Romance, pode desistir.
14- The Antlers - Every Night My Teeth Are Falling Out
Depois de um soco no estômago como o álbum Hospice, um dos melhores de 2009, o The Antlers possuia grandes expectativas nas costas. Burst Apart não chega à categoria de decepção, mas brilha em poucas músicas...mas quando brilha, é uma coisa como Every Night My Teeth Are Falling Out que nasce.
13- Bright Eyes - Shell Games
Conor Oberst não é apenas o nosso especialista em fundir folk, rock e até o tal do emo para fazer qualquer um chorar. Ele também sabe escrever uma das melhores músicas pop do ano, a peça símbolo da mudança pela qual o Bright Eyes passou no ótimo The People's Key, Shell Games. Everyone, on the count of three, all togheter now...
12- TV on the Radio - Will Do
E quando uma música muda sua opinião sobre uma banda? Eu não curtia TV On The Radio, especialmente pois meu primeiro contato com a banda foi com Dancing Choose, música de Dear Science que meus ouvidos continuam não aceitando. Mas ouvir Will Do, com sua suavidade e a belíssima voz de Tunde Adebimpe, virou o jogo.
11- Wye Oak - Civilian
Só preciso dizer que a primeira vez que ouvi essa faixa nos fones de ouvido, foi o momento em que a TV mostrou as primeiras imagens da Tsunami japonesa. E que a onda avançou exatamente no momento em que a música ganha força. Devastador. A faixa mais underrated do ano.
10- St. Vincent - Strange Mercy
É quase impossível escolher uma faixa que se destaca no conjunto coeso de Strange Mercy, mas enquanto listas de inúmeras publicações premiam Cruel e Surgeon, e enquanto a primeira faixa do álbum a ganhar minha preferência foi Dilletante, é a faixa-título que cresce a cada audição.
9- Foo Fighters - Arlandria
O melhor elogio que eu posso fazer à Arlandria: abri o vídeo para o colocar aqui no post e tudo o que poderia pensar era na distância que separa Dezembro do dia 7 de Abril. Sincera e agressiva canção feita por Grohl para o estado em que cresceu, Arlandria é melódica e densa, e pode figurar sem timidez entre as melhores faixas da carreira do Foo Fighters. Se você não cantou "You and what army, Arlandria?", você não viveu 2011 apropriadamente.
8- The Black Keys - Lonely Boy
Você, por sinal, também não viveu 2011 apropriadamente se não dançou os mais novos minutos de perfeição blues-rock do duo Black Keys, Lonely Boy. Ainda não conheci uma pessoa, seja lá qual for seu gosto musical, que ficasse imune ou não curtisse Lonely Boy. Irresistível.
7- R.E.M. - Uberlin
Infelizmente, Überlin não tem um vídeo ao vivo sequer. Afinal, o R.E.M. anunciou no início do ano que já não faria mais turnês, nem ao menos para divulgar seu Collapse into now. Lembram quando isso parecia o fim do mundo, a pior notícia possível? Mal sabíamos que isso era apenas a ponta de um iceberg capaz de destruir o casco do Titanic.
6- The Decemberists - This is why we fight
Acho que esse era o hino Decemberistiano que Colin Meloy sempre buscou. This is why we fight, com suas raízes bem fundamentadas no R.E.M. de fases como Life's Rich Pageant, basicamente afirma que mesmo com as dificuldades que surgem pelo caminho (dificuldades que fizeram parte da trajetória recente do grupo folk de Portland, Oregon), vale a pena lutar.
5- Fleet Foxes - The Shrine/An Argument
Se a música fosse dividida em duas faixas distintas, tanto The Shrine quando An Argument mereceriam um lugar na lista. Mas Pecknold e cia. tiveram a sabedoria de reunir tudo em uma sinfonia prog-folk irretocável, que fica ainda melhor ao vivo, como você pode conferir no vídeo acima (mas prepara: a vontade de um show do Fleet Foxes será intensa após o vídeo).
4- Adele - Someone Like You
Não é qualquer compositor que tem a coragem de pegar uma faca, arrancar o coração e empacotar na forma de disco. E ainda, é claro, jogar sal nas próprias feridas a cada apresentação ao vivo, perante milhares de fãs. Coragem que deve ser premiada, na obra-prima das baladas românticas de 2011. Adele pode ter certeza que Someone Like You aparecerá em shows de calouros e álbuns de covers nos próximos dez, vinte ou trinta anos. E isso não é pra qualquer um.
3- Elbow - Lippy Kids
Ah, a sensação proporcionada por Lippy kids. A vontade de reencontrar todos os amigos que você teve na vida, desde aqueles do prézinho até os que você viu pela última vez na semana passada. A vontade de andar pelo corredor do seu velho colégio. Clichê, mas a nostalgia contida nas notas esparsas do piano do Elbow é impressionante, e me emociona toda vez. Além disso, se você coloca a faixa sincronizada com a cena final de Os Incompreendidos, elas se unem perfeitamente. Isso já era motivo pra sua presença em qualquer lista.
2- Bon Iver - Holocene
Holocene é apenas a melhor música do melhor disco do ano. Também é a melhor música de um dos maiores nomes do new-folk, vencendo pérolas de tempos e chalés passados como Skinny Love, Creature Fear e Flume.
1- Wilco - Art Of Almost
Cada disco do Wilco reúne um conjunto de pérolas, mas um clássico, um momento que nos faz revisitar nossa lista de preferidas da banda para arrumar um espaço para uma nova demonstração insana de talento, sempre se sobressai. Conheço muitos incrédulos em relação ao conjunto de The Whole Love. Mas não conheço ninguém que não reconheça a genialidade da faixa que o abre, Art of Almost. Art of Almost merece seu lugar no mesmo olimpo que sustenta Ashes of American Flags, Hummingbird, Via Chicago, Impossible Germany e por aí vai. Ao final de Art of Almost, a única dúvida que pode passar por sua cabeça é a de qual air instrument escolher para acompanhar a faixa, seja uma air guitar intensa de Nels Cline, air drums para a batida de Glenn Kotche... e por sinal, gostaria de informar: se eu escolhesse expandir as regras e inserir mais de uma faixa de cada artista nessa lista, One Sunday Morning não ficaria de fora de um top 3.
Bonus List: Cenas de um próximo capítulo - 5 Músicas que indicam que um bom ano vem aí
5- Bowerbirds - Tuck the darkness in
2011, o ano do folk. Mas 2012 não dá sinais de que o gênero será substituido tão cedo. E o Bowerbirds gravou essa pérola nos estúdios de Justin Vernon para provar isso.
4- Tennis - Origins
O Tennis saiu do iate e buscou Patrick Carney, do Black Keys, para polir o som vintage do grupo. O resultado é mais do que promissor.
3- Cloud Nothings - Stay Useless
Tudo indica que a melhor música pop do ano que vem já está aí para ser ouvida. E chega das mãos de uma das melhores estreias de 2011, Dylan Baldi e seu Cloud Nothings.
2- Nada Surf - When I Was Young
O Nada Surf se adapta e muda a cada momento, mas de maneira tão impecável que é até difícil definir qual é a melhor identidade do grupo. When I Was Young nem parece produzida pela mesma banda que cantava Popular, mas as duas bandas são igualmente perfeitas.
1- The Shins - For a Fool
Disco mais aguardado de 2012? Sim.
Olha eu aqui de novo!
ResponderExcluirResolvi abrir o TTF de novo depois de muito tempo, e me deparo com dois posts novos!
Difícil comentar nas músicas e álbuns que vc postou, não ouvi muita música nova esse ano, mas reparei duas coisas:
1) Li pelo menos duas analogias à química nos seus posts! Como anda o curso??
2) Vc vem no Lolla?? Eu comprei ingresso pro dia 8 só, não posso perder a chance de ver Arctic Monkeys, e faltou grana pro dia 7... Vc vem nos dois dias ou só no dia 7?
opa, andré! que bom que você passou pelo site, abandonado, mas que agora vai ter posts novos constantemente. Obrigada =) O curso? esquece ele, pq eu tô fazendo vestibular de novo nesse ano. E o Lolla, vou sim, nos dois dias!!!!
ResponderExcluirLegal!! Demorou pra gente se trombar por aqui então. Vc vem com uma galera? Tem uns amigos meus que vão tbm, dá pra juntar um povo legal. A gente vai conversando até lá então.
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