Fale o que quiser dos discos lançados em 2011, mas uma coisa é certa: o ano foi repleto de excelentes faixas avulsas. A lista de melhores faixas do ano, para mim, exigiu um trabalho quase que torturante de auto-edição. Por isso, deixo aqui na introdução quase que uma lista paralela. As minhas menções honrosas vão para as faixas que não entraram na lista por milésimos - High Hawk Season, do Mountain Goats, American Goldwing, do Blitzen Trapper, Yer Spring, do Hey Rosetta, Midnight City, do M83, The Look, do Metronomy, The Wilhelm Scream, de James Blake, Michigan, de The Milk Carton Kids, Circuital do My Morning Jacket, Ten-twenty-ten do Generationals, Wake and be fine do Okkervil River. Ufa, acabaram as menções.
Quase todas as listas de melhores faixas da blogosfera incluem apenas um pequeno player com as respectivas músicas em versão de estúdio. Mas Faustão já diria (e eu nunca diria que um dia citaria Faustão em um post): quem sabe, faz ao vivo. E esse conjunto de artistas, mestres em seus ofícios, merecem um reconhecimento especial ao talento que possuem para apresentar suas obras-primas perante o público. Música não é uma atividade restrita aos fones e às caixas de som do PC. É ao vivo que uma faixa mostra seu verdadeiro poder. Então, enquanto esses grupos não resolvem percorrer o Brasil com seus shows, aí está uma pequena coleção de vídeos, ao vivo e a cores, das melhores músicas com as quais 2011 nos presenteou.
20- Thurston Moore - Benediction
Demolished Thoughts perde sua força em sua uniformidade. Mas quando a fórmula acústica de Thurston Moore funciona perfeitamente, o resultado é Benediction, uma das faixas de beleza mais sutil em 2011.
19- Manchester Orchestra - Virgin
Catarse completa. Essa é a proposta de Simple Math, álbum conceito da Manchester Orchestra lançado em 2011, e trabalho completamente confessional de Andy Hull. Um disco impressionante em toda a sua tracklist, mas é Virgin que assombra pelos cantos e se torna monstruosa, em um bom sentido, ao vivo.
18- Laura Marling - Sophia
É difícil decidir entre Sophia e The Beast na hora de escolher o grande destaque do excelente A Creature I Don't Know. É uma questão constante de estado de espírito. Então, tudo o que posso dizer é que hoje, a vitória vai para o dedilhar rápido dos violões e mandolins de Sophia.
17- The Rural Alberta Advantage - Tornado '87
Uma faixa que equilibra a energia de um Tornado com a tristeza que a devastação causada pelo mesmo traz só poderia sair da voz de Nils Edenhoff, o novo Jeff Mangum, e a bateria frenética de Paul Banwatt.
16- Florence + The Machine - No Light No Light
Quando ouvi Ceremonials pela primeira vez, No Light No Light foi ofuscada por Shake it Out, What the water gave me e até Never let me go. Mas aí nosso amigo Jools Holland convocou Florence Welch para o seu programa, e o que ela fez foi mostrar como No Light No Light não é apenas a melhor música do seu novo álbum: é a sua melhor música.
15- Wild Flag - Romance
A música mais divertida de 2011 é uma declaração de amor... para a música, e seu poder de causar essa diversão e euforia que curiosamente, Romance encarna tão bem. É quase Inception. Um hino que saiu das guitarras de quatro veteranas. Se você ainda não for convencido do poder do simples rock'n'roll no trecho de Janet Weiss em Romance, pode desistir.
14- The Antlers - Every Night My Teeth Are Falling Out
Depois de um soco no estômago como o álbum Hospice, um dos melhores de 2009, o The Antlers possuia grandes expectativas nas costas. Burst Apart não chega à categoria de decepção, mas brilha em poucas músicas...mas quando brilha, é uma coisa como Every Night My Teeth Are Falling Out que nasce.
13- Bright Eyes - Shell Games
Conor Oberst não é apenas o nosso especialista em fundir folk, rock e até o tal do emo para fazer qualquer um chorar. Ele também sabe escrever uma das melhores músicas pop do ano, a peça símbolo da mudança pela qual o Bright Eyes passou no ótimo The People's Key, Shell Games. Everyone, on the count of three, all togheter now...
12- TV on the Radio - Will Do
E quando uma música muda sua opinião sobre uma banda? Eu não curtia TV On The Radio, especialmente pois meu primeiro contato com a banda foi com Dancing Choose, música de Dear Science que meus ouvidos continuam não aceitando. Mas ouvir Will Do, com sua suavidade e a belíssima voz de Tunde Adebimpe, virou o jogo.
11- Wye Oak - Civilian
Só preciso dizer que a primeira vez que ouvi essa faixa nos fones de ouvido, foi o momento em que a TV mostrou as primeiras imagens da Tsunami japonesa. E que a onda avançou exatamente no momento em que a música ganha força. Devastador. A faixa mais underrated do ano.
10- St. Vincent - Strange Mercy
É quase impossível escolher uma faixa que se destaca no conjunto coeso de Strange Mercy, mas enquanto listas de inúmeras publicações premiam Cruel e Surgeon, e enquanto a primeira faixa do álbum a ganhar minha preferência foi Dilletante, é a faixa-título que cresce a cada audição.
9- Foo Fighters - Arlandria
O melhor elogio que eu posso fazer à Arlandria: abri o vídeo para o colocar aqui no post e tudo o que poderia pensar era na distância que separa Dezembro do dia 7 de Abril. Sincera e agressiva canção feita por Grohl para o estado em que cresceu, Arlandria é melódica e densa, e pode figurar sem timidez entre as melhores faixas da carreira do Foo Fighters. Se você não cantou "You and what army, Arlandria?", você não viveu 2011 apropriadamente.
8- The Black Keys - Lonely Boy
Você, por sinal, também não viveu 2011 apropriadamente se não dançou os mais novos minutos de perfeição blues-rock do duo Black Keys, Lonely Boy. Ainda não conheci uma pessoa, seja lá qual for seu gosto musical, que ficasse imune ou não curtisse Lonely Boy. Irresistível.
7- R.E.M. - Uberlin
Infelizmente, Überlin não tem um vídeo ao vivo sequer. Afinal, o R.E.M. anunciou no início do ano que já não faria mais turnês, nem ao menos para divulgar seu Collapse into now. Lembram quando isso parecia o fim do mundo, a pior notícia possível? Mal sabíamos que isso era apenas a ponta de um iceberg capaz de destruir o casco do Titanic.
6- The Decemberists - This is why we fight
Acho que esse era o hino Decemberistiano que Colin Meloy sempre buscou. This is why we fight, com suas raízes bem fundamentadas no R.E.M. de fases como Life's Rich Pageant, basicamente afirma que mesmo com as dificuldades que surgem pelo caminho (dificuldades que fizeram parte da trajetória recente do grupo folk de Portland, Oregon), vale a pena lutar.
5- Fleet Foxes - The Shrine/An Argument
Se a música fosse dividida em duas faixas distintas, tanto The Shrine quando An Argument mereceriam um lugar na lista. Mas Pecknold e cia. tiveram a sabedoria de reunir tudo em uma sinfonia prog-folk irretocável, que fica ainda melhor ao vivo, como você pode conferir no vídeo acima (mas prepara: a vontade de um show do Fleet Foxes será intensa após o vídeo).
4- Adele - Someone Like You
Não é qualquer compositor que tem a coragem de pegar uma faca, arrancar o coração e empacotar na forma de disco. E ainda, é claro, jogar sal nas próprias feridas a cada apresentação ao vivo, perante milhares de fãs. Coragem que deve ser premiada, na obra-prima das baladas românticas de 2011. Adele pode ter certeza que Someone Like You aparecerá em shows de calouros e álbuns de covers nos próximos dez, vinte ou trinta anos. E isso não é pra qualquer um.
3- Elbow - Lippy Kids
Ah, a sensação proporcionada por Lippy kids. A vontade de reencontrar todos os amigos que você teve na vida, desde aqueles do prézinho até os que você viu pela última vez na semana passada. A vontade de andar pelo corredor do seu velho colégio. Clichê, mas a nostalgia contida nas notas esparsas do piano do Elbow é impressionante, e me emociona toda vez. Além disso, se você coloca a faixa sincronizada com a cena final de Os Incompreendidos, elas se unem perfeitamente. Isso já era motivo pra sua presença em qualquer lista.
2- Bon Iver - Holocene
Holocene é apenas a melhor música do melhor disco do ano. Também é a melhor música de um dos maiores nomes do new-folk, vencendo pérolas de tempos e chalés passados como Skinny Love, Creature Fear e Flume.
1- Wilco - Art Of Almost
Cada disco do Wilco reúne um conjunto de pérolas, mas um clássico, um momento que nos faz revisitar nossa lista de preferidas da banda para arrumar um espaço para uma nova demonstração insana de talento, sempre se sobressai. Conheço muitos incrédulos em relação ao conjunto de The Whole Love. Mas não conheço ninguém que não reconheça a genialidade da faixa que o abre, Art of Almost. Art of Almost merece seu lugar no mesmo olimpo que sustenta Ashes of American Flags, Hummingbird, Via Chicago, Impossible Germany e por aí vai. Ao final de Art of Almost, a única dúvida que pode passar por sua cabeça é a de qual air instrument escolher para acompanhar a faixa, seja uma air guitar intensa de Nels Cline, air drums para a batida de Glenn Kotche... e por sinal, gostaria de informar: se eu escolhesse expandir as regras e inserir mais de uma faixa de cada artista nessa lista, One Sunday Morning não ficaria de fora de um top 3.
Bonus List: Cenas de um próximo capítulo - 5 Músicas que indicam que um bom ano vem aí
5- Bowerbirds - Tuck the darkness in
2011, o ano do folk. Mas 2012 não dá sinais de que o gênero será substituido tão cedo. E o Bowerbirds gravou essa pérola nos estúdios de Justin Vernon para provar isso.
4- Tennis - Origins
O Tennis saiu do iate e buscou Patrick Carney, do Black Keys, para polir o som vintage do grupo. O resultado é mais do que promissor.
3- Cloud Nothings - Stay Useless
Tudo indica que a melhor música pop do ano que vem já está aí para ser ouvida. E chega das mãos de uma das melhores estreias de 2011, Dylan Baldi e seu Cloud Nothings.
2- Nada Surf - When I Was Young
O Nada Surf se adapta e muda a cada momento, mas de maneira tão impecável que é até difícil definir qual é a melhor identidade do grupo. When I Was Young nem parece produzida pela mesma banda que cantava Popular, mas as duas bandas são igualmente perfeitas.
1- The Shins - For a Fool
Disco mais aguardado de 2012? Sim.
sábado, 24 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
TTF Awards: melhores álbuns de 2011
Quase um ano separa o dia de hoje da última vez em que abri a página do Blogger. Era a noite do Oscar. E sentada aqui, ouvindo Decemberists (exatamente o mesmo álbum que eu ouvia durante a minha última postagem no TTF), parece que poucos instantes se passaram. Mas esses poucos instantes renderam bons filmes (mas o ano ainda se configura como um ano fraco) e bons álbuns. Vinte desses álbuns merecem uma atenção especial, por isso, estou aqui de volta ao bom e velho Through The Frames para compartilhar minha modesta lista de final de ano.
Quero avisar também que esse não é um post único para um pseudo-revival do blog. Depois de um ano agitado, no qual inúmeras ideias de críticas de filme ficaram apenas no plano das ideias e nunca ganharam a tela do PC, o blog está de volta, de verdade. Ou vocês achavam que eu deixaria o universo em paz em plena temporada de premiações em Hollywood?
Então, vamos à lista. 2011 foi um ano interessante. Nenhum lançamento supera a dupla que encabeçava a lista do ano passado (The Suburbs e High Violet) mas no volume total de bons discos, 2011 dá um banho em seu antecessor.
Confira a lista, curta, comente, critique, utilize de guia de presentes de natal para os amigos, ou para os inimigos...e até a próxima :D.
20- My Morning Jacket - Circuital
Não devíamos nos esquecer com tanta frequência do My Morning Jacket. Seus álbuns não causam comoção generalizada através da web, seu nome nunca é lembrado quando tecemos line-ups falsos porém esperados de festivais... Mas o grupo de Jim James não é apenas o eleito por publicações como uma das melhores bandas ao vivo da atualidade, é o responsável por um dos álbuns mais inspiradores de 2011.
My Morning Jacket - Holdin' on to black metal
19- Destroyer - Kaputt
Quando ouvi pela primeira vez Kaputt, faixa-título do novo álbum do Destroyer, meus ouvidos rejeitaram instantanemente aquele clima soft-rock "você acaba de sintonizar na Antena 1" da faixa. Os saxofones. Os vocais sussurados. Quase um ano após esse incidente, eis que resolvo conferir enfim toda a obra de Dan Bejar e... uau. Destaque para Chinatown, Blue Eyes e Savage Night at the Opera, o trio que me convenceu do poder de Kaputt.
Destroyer - Savage Night At The Opera
18- Megafaun - Megafaun
A paz na forma de disco. Não há stress que resista ou insônia que prevaleça perante Real Slow, faixa que abre esse disco. O Megafaun fez um álbum excelente em 2011, o tal ano do folk, que passou despercebido por tudo e todos. Um disco versátil, que flerta com o pop radiofônico em Second Friend e Everything e com um quase-dubstep em These Words. Uma fusão de Wilco e Avett Brothers, feita no porão de Justin Vernon.
Megafaun - Real Slow
17- PJ Harvey - Let England Shake
Em Let England Shake, existem dois diferentes álbuns. Um é aquele que você ouve sem muita atenção. É um bom álbum, com melodias intrigantes, mais um bom trabalho sonoro de PJ Harvey. O outro, é o que você percebe ao reparar em cada palavra dita por Polly Jean em seu estudo em 12 partes sobre a guerra e seus efeitos no consciente coletivo de um país. Esse sim devasta; e conquista uma vaga em qualquer lista que se preze.
PJ Harvey - The Words that Maketh Murder
16- The Rural Alberta Advantage - Departing
A transição de um álbum de estreia com o título de Hometowns para um com o nome Departing possui um valor simbólico muito grande. A relação de amor e ódio que permeava a excelente estreia da Rural Alberta Advantage (infelizmente desconhecida pelo grande público -ou até mesmo pelo pequeno público indie-), seja em um relacionamento, seja pela vida do interior canadense, se transformou em saudade e um desejo de se agarrar a cada detalhe da vida deixada no retrovisor, em faixas como Two Lovers, North Star e Tornado '87.
The Rural Alberta Advantage - North Star
15- Feist - Metals
Feist: a única que consegue equilibrar, em seu som, a sofisticação de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada e a alegria pop desmedida de Meryl Streep em Mamma Mia (pesquisas indicam que 80% dos meus amigos cinéfilos acabam de fechar a janela do site após essa comparação. Mil perdões.). Essa não é a comparação mais ortodoxa já feita, mas descreve bem o trabalho da genial canadense. Continuando o curioso paralelo, em Metals, Feist priorizou a finesse adulta, deixou o pop animado de lado, e criou uma coleção de canções que vai do Jazz ao Art-rock. Metais nobres são assim mesmo: resistentes à oxidação do tempo, maleáveis em medida suficiente para transitar entre gêneros diferentes, e difíceis de encontrar na superfície.
Feist - How come you never go there
14- Laura Marling - A Creature I Don't Know
Ah, os efeitos de ouvir uma obra-prima composta por alguém com a mesma data de nascimento marcada na carteira de identidade que você. Não é fácil. Tudo que podemos fazer é reconhecer o brilhantismo de Laura Marling, que se supera a cada lançamento, e que com um pacote que incluia futuros clássicos do folk como Sophia, The Beast, Salinas e Night after Night, me deu a chance de me redimir pela ausência de I Speak Because I Can na lista de 2010.
Laura Marling - The Muse
13- Florence + The Machine - Ceremonials
É fácil odiar Florence Welch. Especialmente pois em um mundo no qual somos forçados a conviver com Ke$has e Rihannas em palcos principais do Rock in Rio, o pop grandioso e de fácil absorção é arquivado instantaneamente na pasta "Não, por favor". Mas Florence não tem outra escolha senão ser grande: é para canções com refrões épicos que sua voz foi feita, e é pra hinos escapistas que seu estilo existe. E é cheio desses momentos que chega Ceremonials, um disco que ousa ser ainda maior, e ainda melhor que Lungs.
Florence + The Machine - Shake it out
12- Bright Eyes - The People's Key
É difícil superar a definição de Conor Oberst para seu próprio The People's Key. "Nós estamos cansados do Americana, de raiz, seja lá qual for esse som. Pessoas dizem country mas eu nunca achei que fossemos country de verdade. Mas seja lá o que for esse elemento ou essa estética, está gasta pra mim. Então nós queríamos que fosse roqueiro,e na falta de um termo melhor, contemporâneo, ou moderno". Mas não é apenas um disco de rock, é um disco que mistura rock, rastafári, teorias e narrações, ora de maneira quase eletrônica, em Shell games, ora abraçando o lado deprê do Bright Eyes, nosso velho conhecido, na lindíssima Ladder Song.
Bright Eyes - Ladder Song
11- The Black Keys - El Camino
Antes do rock ser alvo de experimentações e mudanças drásticas, ele tinha um propósito bem definido. Essa adaptação festiva do blues era uma arma irresistível de diversão. Os tempos mudaram. Mas o Black Keys está aí para não deixar que o vagão do Rock divertido, dançante e pesado freie de vez. El Camino não é a salvação do rock (pois ele não precisa e nunca precisou de missão de resgate nenhuma) mas é a salvação de qualquer fim de semana dos próximos anos.
The Black Keys - Run Right Back
10- The Horrible Crowes - Elsie
Brian Fallon: quatro discos, quatro presenças nas minhas listas de final de ano. Chame isso de parcialidade, eu chamo de talento absurdo. Em 2011 Fallon só não superou a obra-prima The '59 Sound, com o filme-noir-em-forma-de-álbum Elsie, gravado com o projeto estreante The Horrible Crowes. Elsie é um disco sangrento, soturno, mas estranhamente delicado, perdido em algum lugar entre o punk e o post-punk.
The Horrible Crowes - Ladykiller
9- R.E.M. - Collapse into now
A vida realmente nos golpeou nessa. É até difícil comentar o fim de uma das bandas mais importantes na minha formação musical e na minha vida. Collapse into now é o ato final de uma peça que nos trouxe alguns dos momentos mais impressionantes, significativos, da história do rock, e faz por merecer essa importante missão de encerrar a brilhante carreira do R.E.M.. Mas entre Überlins, Oh My Hearts, Blues, está a crueldade de Michael Stipe e cia., que ao provar que a criatividade continua em alta, gera aquela pergunta chata na nossa cabeça: como viveremos sem esse tal de R.E.M.?
R.E.M. - Oh My Heart
8- Foo Fighters - Wasting Light
Em um ano com tantos fins trágicos de bandas (e algumas que se aproximam de fins parecidos), poucas coisas são tão agradáveis do que ver cinco amigos que ainda se divertem com cada minuto de sua profissão, mesmo após inúmeros tropeços e tragédias, bem retratados no documentário Back and Forth. E com Wasting Light, nós temos a chance de compartilhar toda essa diversão com eles. Alguns dizem que Wasting Light é o melhor álbum do Foo Fighters desde The Colour and the Shape. Acho isso uma pequena injustiça com There's Nothing Left to Lose. Mas o "retorno à velha forma" do Foo Fighters é inegável, e Wasting Light é formado por inúmeras pequenos clássicos, e parece mais pessoal, cru, do que qualquer coisa já feita pelo grupo.
Lá vai nosso herói de novo...Dave Grohl.
Foo Fighters e Bob Mould - Dear Rosemary
7- The Kills - Blood Pressures
Tem tanta energia contida no som que sai da guitarra de Jamie Hince que deveriam considerar Blood Pressures como um possível combustível alternativo. Blood Pressures é o álbum mais completo, coeso, do The Kills, e isso se reflete na difícil missão de se decidir por uma música favorita ou até mesmo um pequeno grupo de faixas que se destacam na obra. Talvez um empate entre a mais Kills de suas faixas, Heart is a Beating Drum, e o seu momento mais ousado, a balada The Last Goodbye.
The Kills - Heart is a beating drum
6- Adele - 21
Adele é oficialmente a "melhor amiga" de todo um planeta, uma missão nada fácil, afinal, ela apenas possui dois ombros para consolar a dor de cotovelo de aproximadamente 6.982 bilhões de pessoas nesse momento. Mas a amizade é uma via de mão dupla, e o mundo também possui 6.982 bilhões de pessoas que se preocupam com a jovem inglesa, se emocionam com cada apresentação de Someone Like You na qual Adele não contém o choro. Por outro lado? O ex de Adele conquistou 6.982 bilhões de inimigos. Talvez essa fosse a vingança planejada descrita em Rolling in the deep.
Adele - Rolling in the deep
5- Fleet Foxes - Helplessness Blues
Um conselho de amiga: compre o cd Helplessness Blues. Essa pérola folk dos Fleet Foxes não é apenas aquele cd que você quer no HD: é o tipo de disco melhor apreciado com o encarte precioso em mãos. Tudo na embalagem de Helplessness Blues remete ao tempo dos vinis, mas nada mais natural: afinal sua sonoridade também remete ao mesmo período.
Fleet Foxes - Bedouin Dress
4- Wilco - The Whole Love
O que faz de The Whole Love um álbum tão difícil de descrever, e especialmente, de escrever sobre? Talvez a culpa caia nos ombros do Wilco, que não falha, que insiste em manter uma carreira completamente impecável. Ou talvez seja toda a variedade do álbum, que pula de gênero em gênero e emula de Radiohead a Ryan Adams...sem deixar, hora nenhuma, de ser Wilco. Ou talvez, se eu falasse menos do Wilco no meu dia a dia, as palavras viriam com mais facilidade.
E para os que insistem em comparar todo álbum que os pobres norte-americanos lançam com o Yankee Hotel Foxtrot...isso é quase como comparar cada ganhador do Nobel de física com Albert Einstein. Afinal, 99,999% dos discos dos últimos 15 anos são piores que o Yankee Hotel Foxtrot (vocês sabem qual é a exceção à regra se me conhecem de alguma maneira).
Wilco - One Sunday Morning
3- The Decemberists - The King is Dead
Se essa lista levasse em conta como principal critério o nº de reproduções, The King is Dead levava o grande prêmio. Um disco que envelhece como vinho, e me acompanhou durante todo o ano, sem sinais de cansaço. Sou tão fascinada pela habilidade de Colin Meloy com as palavras que ouço sua música como uma criança que escuta um contador de histórias (e tive a chance de fazer algo próximo disso ao ler os primeiros capítulos de Wildwood, livro de Meloy). Como se um The King is Dead não fosse suficiente para agradar aos fãs, eles ainda retomaram o lado mais obscuro e literário com o ep Long Live The King, com todos seus funerais e sonetos de Dante Alighieri. Levantem suas taças para a mudança das estações.
The Decemberists - Don't Carry it All
2- St. Vincent - Strange Mercy
Ao desenvolver seu projeto solo, Annie Clark, guitarrista do Polyphonic Spree, escolheu adotar o nome de um hospital descrito pelo poeta britânico Dylan Thomas como "o lugar no qual a poesia chega para morrer". Dessa maneira, desde o batismo, uma identidade já estava formada: St. Vincent, sem nunca abandonar o lirismo e a melodia, não produz músicas "fáceis de digerir".
Strange Mercy é um álbum tão sufocante quanto sua capa revela, sem perder a veia pop. Enquanto Annie confessa que já "contou mentiras inteiras com um meio sorriso" e declara que não quer mais ser a Cheerleader de ninguém, ela transforma suas composições, catárticas como um diário, em contos absurdamente bem escritos sobre todas as crises possíveis: a existencial, a econômica... Li isso em algum lugar e resume bem: se a sociedade diz que Annie Clark não pode gritar, ela o faz com a guitarra, enquanto sua voz permanece imperturbável. E isso é o suficiente.
St. Vincent - Cheerleader
1- Bon Iver - Bon Iver
É possível escutar um álbum e não o ouvir? Sim. Eu poderia descrever aqui os motivos técnicos pelos quais Justino Vernão merece mais do que nunca essa posição de honra em minha lista, mas prefiro contar uma história.
No meu primeiro contato com o álbum Bon Iver, meus ouvidos, que aguardavam mais uma série de Skinny Loves ou Creature Fears, estranharam todo aquele verniz soft-rock. Deixei o disco de lado por alguns dias, até que o coloquei no MP3 Player, ao preparar uma playlist para minha viagem até o show de Paul McCartney no Rio.
Então foi em um ônibus, que cruzava a serra em uma madrugada, que eu realmente percebi cada nuance de Bon Iver, o álbum. Um disco feito para ser apreciado naquele frio que mesmo com três casacos, ainda quase congelava a ponta de meu nariz. Feito para ser conferido no silêncio total, enquanto todos os outros passageiros dormiam e a insônia me mantinha ali, com os ouvidos atentos aos fones e o olhar perdido em uma janela escura, atravessada pelo contorno das montanhas (gastei a poesia agora hein).
E aí que chega a resposta para a nossa pergunta: é sim, possível escutar um álbum e não o absorver completamente. Mas com as condições certas de luz, temperatura e estado de espírito, um novo disco se revela entre a neblina daquele que você havia escutado anteriormente. Holocene, Perth, Calgary, cada momento que parecia tão sutilmente construído, se agiganta. E o disco provoca uma resposta emocional intensa, não inserida por um estilo confessional de escrita, ou pela pompa instrumental... apenas pelo poder da música.
Bon Iver - Calgary
Quero avisar também que esse não é um post único para um pseudo-revival do blog. Depois de um ano agitado, no qual inúmeras ideias de críticas de filme ficaram apenas no plano das ideias e nunca ganharam a tela do PC, o blog está de volta, de verdade. Ou vocês achavam que eu deixaria o universo em paz em plena temporada de premiações em Hollywood?
Então, vamos à lista. 2011 foi um ano interessante. Nenhum lançamento supera a dupla que encabeçava a lista do ano passado (The Suburbs e High Violet) mas no volume total de bons discos, 2011 dá um banho em seu antecessor.
Confira a lista, curta, comente, critique, utilize de guia de presentes de natal para os amigos, ou para os inimigos...e até a próxima :D.
20- My Morning Jacket - Circuital
Não devíamos nos esquecer com tanta frequência do My Morning Jacket. Seus álbuns não causam comoção generalizada através da web, seu nome nunca é lembrado quando tecemos line-ups falsos porém esperados de festivais... Mas o grupo de Jim James não é apenas o eleito por publicações como uma das melhores bandas ao vivo da atualidade, é o responsável por um dos álbuns mais inspiradores de 2011.
My Morning Jacket - Holdin' on to black metal
19- Destroyer - Kaputt
Quando ouvi pela primeira vez Kaputt, faixa-título do novo álbum do Destroyer, meus ouvidos rejeitaram instantanemente aquele clima soft-rock "você acaba de sintonizar na Antena 1" da faixa. Os saxofones. Os vocais sussurados. Quase um ano após esse incidente, eis que resolvo conferir enfim toda a obra de Dan Bejar e... uau. Destaque para Chinatown, Blue Eyes e Savage Night at the Opera, o trio que me convenceu do poder de Kaputt.
Destroyer - Savage Night At The Opera
18- Megafaun - Megafaun
A paz na forma de disco. Não há stress que resista ou insônia que prevaleça perante Real Slow, faixa que abre esse disco. O Megafaun fez um álbum excelente em 2011, o tal ano do folk, que passou despercebido por tudo e todos. Um disco versátil, que flerta com o pop radiofônico em Second Friend e Everything e com um quase-dubstep em These Words. Uma fusão de Wilco e Avett Brothers, feita no porão de Justin Vernon.
Megafaun - Real Slow
17- PJ Harvey - Let England Shake
Em Let England Shake, existem dois diferentes álbuns. Um é aquele que você ouve sem muita atenção. É um bom álbum, com melodias intrigantes, mais um bom trabalho sonoro de PJ Harvey. O outro, é o que você percebe ao reparar em cada palavra dita por Polly Jean em seu estudo em 12 partes sobre a guerra e seus efeitos no consciente coletivo de um país. Esse sim devasta; e conquista uma vaga em qualquer lista que se preze.
PJ Harvey - The Words that Maketh Murder
16- The Rural Alberta Advantage - Departing
A transição de um álbum de estreia com o título de Hometowns para um com o nome Departing possui um valor simbólico muito grande. A relação de amor e ódio que permeava a excelente estreia da Rural Alberta Advantage (infelizmente desconhecida pelo grande público -ou até mesmo pelo pequeno público indie-), seja em um relacionamento, seja pela vida do interior canadense, se transformou em saudade e um desejo de se agarrar a cada detalhe da vida deixada no retrovisor, em faixas como Two Lovers, North Star e Tornado '87.
The Rural Alberta Advantage - North Star
15- Feist - Metals
Feist: a única que consegue equilibrar, em seu som, a sofisticação de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada e a alegria pop desmedida de Meryl Streep em Mamma Mia (pesquisas indicam que 80% dos meus amigos cinéfilos acabam de fechar a janela do site após essa comparação. Mil perdões.). Essa não é a comparação mais ortodoxa já feita, mas descreve bem o trabalho da genial canadense. Continuando o curioso paralelo, em Metals, Feist priorizou a finesse adulta, deixou o pop animado de lado, e criou uma coleção de canções que vai do Jazz ao Art-rock. Metais nobres são assim mesmo: resistentes à oxidação do tempo, maleáveis em medida suficiente para transitar entre gêneros diferentes, e difíceis de encontrar na superfície.
Feist - How come you never go there
14- Laura Marling - A Creature I Don't Know
Ah, os efeitos de ouvir uma obra-prima composta por alguém com a mesma data de nascimento marcada na carteira de identidade que você. Não é fácil. Tudo que podemos fazer é reconhecer o brilhantismo de Laura Marling, que se supera a cada lançamento, e que com um pacote que incluia futuros clássicos do folk como Sophia, The Beast, Salinas e Night after Night, me deu a chance de me redimir pela ausência de I Speak Because I Can na lista de 2010.
Laura Marling - The Muse
13- Florence + The Machine - Ceremonials
É fácil odiar Florence Welch. Especialmente pois em um mundo no qual somos forçados a conviver com Ke$has e Rihannas em palcos principais do Rock in Rio, o pop grandioso e de fácil absorção é arquivado instantaneamente na pasta "Não, por favor". Mas Florence não tem outra escolha senão ser grande: é para canções com refrões épicos que sua voz foi feita, e é pra hinos escapistas que seu estilo existe. E é cheio desses momentos que chega Ceremonials, um disco que ousa ser ainda maior, e ainda melhor que Lungs.
Florence + The Machine - Shake it out
12- Bright Eyes - The People's Key
É difícil superar a definição de Conor Oberst para seu próprio The People's Key. "Nós estamos cansados do Americana, de raiz, seja lá qual for esse som. Pessoas dizem country mas eu nunca achei que fossemos country de verdade. Mas seja lá o que for esse elemento ou essa estética, está gasta pra mim. Então nós queríamos que fosse roqueiro,e na falta de um termo melhor, contemporâneo, ou moderno". Mas não é apenas um disco de rock, é um disco que mistura rock, rastafári, teorias e narrações, ora de maneira quase eletrônica, em Shell games, ora abraçando o lado deprê do Bright Eyes, nosso velho conhecido, na lindíssima Ladder Song.
Bright Eyes - Ladder Song
11- The Black Keys - El Camino
Antes do rock ser alvo de experimentações e mudanças drásticas, ele tinha um propósito bem definido. Essa adaptação festiva do blues era uma arma irresistível de diversão. Os tempos mudaram. Mas o Black Keys está aí para não deixar que o vagão do Rock divertido, dançante e pesado freie de vez. El Camino não é a salvação do rock (pois ele não precisa e nunca precisou de missão de resgate nenhuma) mas é a salvação de qualquer fim de semana dos próximos anos.
The Black Keys - Run Right Back
10- The Horrible Crowes - Elsie
Brian Fallon: quatro discos, quatro presenças nas minhas listas de final de ano. Chame isso de parcialidade, eu chamo de talento absurdo. Em 2011 Fallon só não superou a obra-prima The '59 Sound, com o filme-noir-em-forma-de-álbum Elsie, gravado com o projeto estreante The Horrible Crowes. Elsie é um disco sangrento, soturno, mas estranhamente delicado, perdido em algum lugar entre o punk e o post-punk.
The Horrible Crowes - Ladykiller
9- R.E.M. - Collapse into now
A vida realmente nos golpeou nessa. É até difícil comentar o fim de uma das bandas mais importantes na minha formação musical e na minha vida. Collapse into now é o ato final de uma peça que nos trouxe alguns dos momentos mais impressionantes, significativos, da história do rock, e faz por merecer essa importante missão de encerrar a brilhante carreira do R.E.M.. Mas entre Überlins, Oh My Hearts, Blues, está a crueldade de Michael Stipe e cia., que ao provar que a criatividade continua em alta, gera aquela pergunta chata na nossa cabeça: como viveremos sem esse tal de R.E.M.?
R.E.M. - Oh My Heart
8- Foo Fighters - Wasting Light
Em um ano com tantos fins trágicos de bandas (e algumas que se aproximam de fins parecidos), poucas coisas são tão agradáveis do que ver cinco amigos que ainda se divertem com cada minuto de sua profissão, mesmo após inúmeros tropeços e tragédias, bem retratados no documentário Back and Forth. E com Wasting Light, nós temos a chance de compartilhar toda essa diversão com eles. Alguns dizem que Wasting Light é o melhor álbum do Foo Fighters desde The Colour and the Shape. Acho isso uma pequena injustiça com There's Nothing Left to Lose. Mas o "retorno à velha forma" do Foo Fighters é inegável, e Wasting Light é formado por inúmeras pequenos clássicos, e parece mais pessoal, cru, do que qualquer coisa já feita pelo grupo.
Lá vai nosso herói de novo...Dave Grohl.
Foo Fighters e Bob Mould - Dear Rosemary
7- The Kills - Blood Pressures
Tem tanta energia contida no som que sai da guitarra de Jamie Hince que deveriam considerar Blood Pressures como um possível combustível alternativo. Blood Pressures é o álbum mais completo, coeso, do The Kills, e isso se reflete na difícil missão de se decidir por uma música favorita ou até mesmo um pequeno grupo de faixas que se destacam na obra. Talvez um empate entre a mais Kills de suas faixas, Heart is a Beating Drum, e o seu momento mais ousado, a balada The Last Goodbye.
The Kills - Heart is a beating drum
6- Adele - 21
Adele é oficialmente a "melhor amiga" de todo um planeta, uma missão nada fácil, afinal, ela apenas possui dois ombros para consolar a dor de cotovelo de aproximadamente 6.982 bilhões de pessoas nesse momento. Mas a amizade é uma via de mão dupla, e o mundo também possui 6.982 bilhões de pessoas que se preocupam com a jovem inglesa, se emocionam com cada apresentação de Someone Like You na qual Adele não contém o choro. Por outro lado? O ex de Adele conquistou 6.982 bilhões de inimigos. Talvez essa fosse a vingança planejada descrita em Rolling in the deep.
Adele - Rolling in the deep
5- Fleet Foxes - Helplessness Blues
Um conselho de amiga: compre o cd Helplessness Blues. Essa pérola folk dos Fleet Foxes não é apenas aquele cd que você quer no HD: é o tipo de disco melhor apreciado com o encarte precioso em mãos. Tudo na embalagem de Helplessness Blues remete ao tempo dos vinis, mas nada mais natural: afinal sua sonoridade também remete ao mesmo período.
Fleet Foxes - Bedouin Dress
4- Wilco - The Whole Love
O que faz de The Whole Love um álbum tão difícil de descrever, e especialmente, de escrever sobre? Talvez a culpa caia nos ombros do Wilco, que não falha, que insiste em manter uma carreira completamente impecável. Ou talvez seja toda a variedade do álbum, que pula de gênero em gênero e emula de Radiohead a Ryan Adams...sem deixar, hora nenhuma, de ser Wilco. Ou talvez, se eu falasse menos do Wilco no meu dia a dia, as palavras viriam com mais facilidade.
E para os que insistem em comparar todo álbum que os pobres norte-americanos lançam com o Yankee Hotel Foxtrot...isso é quase como comparar cada ganhador do Nobel de física com Albert Einstein. Afinal, 99,999% dos discos dos últimos 15 anos são piores que o Yankee Hotel Foxtrot (vocês sabem qual é a exceção à regra se me conhecem de alguma maneira).
Wilco - One Sunday Morning
3- The Decemberists - The King is Dead
Se essa lista levasse em conta como principal critério o nº de reproduções, The King is Dead levava o grande prêmio. Um disco que envelhece como vinho, e me acompanhou durante todo o ano, sem sinais de cansaço. Sou tão fascinada pela habilidade de Colin Meloy com as palavras que ouço sua música como uma criança que escuta um contador de histórias (e tive a chance de fazer algo próximo disso ao ler os primeiros capítulos de Wildwood, livro de Meloy). Como se um The King is Dead não fosse suficiente para agradar aos fãs, eles ainda retomaram o lado mais obscuro e literário com o ep Long Live The King, com todos seus funerais e sonetos de Dante Alighieri. Levantem suas taças para a mudança das estações.
The Decemberists - Don't Carry it All
2- St. Vincent - Strange Mercy
Ao desenvolver seu projeto solo, Annie Clark, guitarrista do Polyphonic Spree, escolheu adotar o nome de um hospital descrito pelo poeta britânico Dylan Thomas como "o lugar no qual a poesia chega para morrer". Dessa maneira, desde o batismo, uma identidade já estava formada: St. Vincent, sem nunca abandonar o lirismo e a melodia, não produz músicas "fáceis de digerir".
Strange Mercy é um álbum tão sufocante quanto sua capa revela, sem perder a veia pop. Enquanto Annie confessa que já "contou mentiras inteiras com um meio sorriso" e declara que não quer mais ser a Cheerleader de ninguém, ela transforma suas composições, catárticas como um diário, em contos absurdamente bem escritos sobre todas as crises possíveis: a existencial, a econômica... Li isso em algum lugar e resume bem: se a sociedade diz que Annie Clark não pode gritar, ela o faz com a guitarra, enquanto sua voz permanece imperturbável. E isso é o suficiente.
St. Vincent - Cheerleader
1- Bon Iver - Bon Iver
É possível escutar um álbum e não o ouvir? Sim. Eu poderia descrever aqui os motivos técnicos pelos quais Justino Vernão merece mais do que nunca essa posição de honra em minha lista, mas prefiro contar uma história.
No meu primeiro contato com o álbum Bon Iver, meus ouvidos, que aguardavam mais uma série de Skinny Loves ou Creature Fears, estranharam todo aquele verniz soft-rock. Deixei o disco de lado por alguns dias, até que o coloquei no MP3 Player, ao preparar uma playlist para minha viagem até o show de Paul McCartney no Rio.
Então foi em um ônibus, que cruzava a serra em uma madrugada, que eu realmente percebi cada nuance de Bon Iver, o álbum. Um disco feito para ser apreciado naquele frio que mesmo com três casacos, ainda quase congelava a ponta de meu nariz. Feito para ser conferido no silêncio total, enquanto todos os outros passageiros dormiam e a insônia me mantinha ali, com os ouvidos atentos aos fones e o olhar perdido em uma janela escura, atravessada pelo contorno das montanhas (gastei a poesia agora hein).
E aí que chega a resposta para a nossa pergunta: é sim, possível escutar um álbum e não o absorver completamente. Mas com as condições certas de luz, temperatura e estado de espírito, um novo disco se revela entre a neblina daquele que você havia escutado anteriormente. Holocene, Perth, Calgary, cada momento que parecia tão sutilmente construído, se agiganta. E o disco provoca uma resposta emocional intensa, não inserida por um estilo confessional de escrita, ou pela pompa instrumental... apenas pelo poder da música.
Bon Iver - Calgary
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Oscar Watch, o round final, parte II - Nós Escolhemos
Para ler escutando: Teddy Picker - Arctic Monkeys
Uma das melhores partes da "temporada de prêmios", um dos esportes favoritos de qualquer cinéfilo, é reclamar das escolhas da academia (só não faz mais sucesso do que reclamar do Rubens Ewald Filho, que é, no fim das contas, a grande graça do Oscar). Mas e se o Oscar não fosse escolhido pelos membros da academia?
Então, para fazer justiça nessa noite, todos os participantes do Bolão do TTF enviaram, junto com suas apostas, seus indicados favoritos em cada categoria. Em algum lugar entre a palma de ouro e a framboesa de ouro, fique agora com o nosso Oscar.
Discurso do Rei, o favorito para o homenzinho dourado? Nem recebeu voto. A disputa aqui foi entre computadores e balé, e o jogo de espelhos de Darren Aronofsky sobre obsessão e loucura levou o prêmio principal da noite.
Cisne Negro (votos: Ana, Fernanda, Leonardo, Patrícia, Fernando)
A Rede Social (votos: Victor, Rodrigo, Matheus)
Fincher e Hooper podem ser os favoritos para o Oscar, mas o nosso prêmio vai para Darren Aronofsky, o mestre dos personagens obsessivos, por seu trabalho hábil como maestro em Cisne Negro.
Darren Aronofsky (votos: Ana, Fernanda, Leonardo, Patrícia, Fernando)
David Fincher (votos: Victor, Rodrigo, Matheus)
Não podia ser diferente. Colin Firth já vem merecendo desde 2010, e já pode comprar uma estante maior para suportar tanto prêmio assim, o mais importante, é claro, o nosso.
Colin Firth (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Fernando)
James Franco (votos: Rodrigo, Leonardo, Maiara)
Javier Bardem (votos: Patrícia)
Jeff Bridges (votos: Matheus)
Ela aprendeu balé, emagreceu, quebrou uma costela só para criar a performance de uma vida. Nada mais justo que essa quase unanimidade, Natalie Portman.
Natalie Portman (votos: Ana, Fernanda, Victor, Leonardo, Patrícia, Matheus, Maiara, Fernando)
Michelle Williams (votos: Lucas, Rodrigo)
A balança é a melhor amiga de Christian Bale:
Christian Bale ( votos: Ana, Victor, Lucas, Rodrigo, Leonardo, Matheus)
Geoffrey Rush ( votos: Fernanda, Patrícia)
Mark Ruffalo (votos: Maiara)
John Hawkes (votos: Fernando)
Se Hailee Steinfeld é coadjuvante, Avatar é o melhor filme da história. Hailee é a principal estrela de Bravura Indômita, e consegue entregar perfeitamente os grandes diálogos de Joel e Ethan Coen.
Hailee Steinfeld (votos: Ana, Fernanda, Leonardo, Matheus, Maiara, Fernando)
Melissa Leo (votos: Victor)
Jackie Weaver (votos: Rodrigo)
Helena Bonham-Carter (votos: Patrícia)
UNANIMIDADE. Mesmo em um ano fortíssimo na categoria, a Pixar fechou toda uma era da animação nessa pequena jóia chamada Toy Story 3.
Toy Story 3 (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Matheus, Fernando)
Ele não teve medo de sonhar um pouco mais alto, e entregou mais um labirinto para os seus fãs. Christopher Nolan deixa, aqui, todos os seus concorrentes para trás.
A Origem (votos: Ana, Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Maiara, Fernando)
O Discurso do rei (votos: Fernanda)
Another Year (votos: Victor, Lucas)
O Vencedor (votos: Matheus)
Diálogos rápidos e inteligentes e todos os elementos que tornaram Aaron Sorkin um nome certo para roteiros de qualidade.
A Rede Social (votos: Ana, Fernanda, Victor, Rodrigo, Matheus,
127 Horas (votos: Leonardo, Patrícia, Maiara
Inverno da Alma (votos: Fernando
Balé nunca pareceu tão impressionante, real e bem iluminado. Créditos para Matthew Libatique, diretor de fotografia de Cisne Negro.
Cisne Negro (votos: Fernanda, Victor, Leonardo, Patrícia, Matheus, Fernando)
Bravura Indômita (votos: Ana, Lucas, Rodrigo, Maiara)
Empate. Dois delírios visuais. Alguns escolheram as cores vivas da película de Tim Burton, e outros escolheram os sonhos urbanos da obra de Christopher Nolan. Duas excelentes escolhas.
Alice no país das maravilhas (votos: Ana, Fernanda, Maiara, Fernando)
A Origem (votos: Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Matheus)
O Discurso do rei (votos: Victor)
Harry Potter (votos: Lucas)
Perfeitamente montado, A Rede Social dependeu muito de seus editores para que aquela modernidade e velocidade fosse traduzida em imagens.
A Rede Social (votos: Ana, Victor, Lucas, Rodrigo, Patrícia, Matheus)
Cisne Negro (votos: Fernanda, Leonardo, Fernando)
127 Horas (votos: Maiara)
Um filme exigente no departamento de efeitos visuais. O mundo dos sonhos de Nolan foi perfeitamente construído e desconstruído.
A Origem (votos: Ana, Victor, Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Maiara)
Alice no país das maravilhas (votos: Fernanda, Fernando)
Harry Potter (votos: Lucas)
Homem de Ferro II (votos: Matheus)
Um filme que te deixa completamente imerso em sua trilha e nos menores ruídos.
A Origem (votos: Ana, Victor, Lucas, Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Fernando)
Toy Story 3 (votos: Fernanda, Matheus)
A rede social (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Patrícia)
Bravura Indômita (votos: Rodrigo, Matheus)
A Origem (votos: Leonardo, Fernando)
Mais um troféu para os visuais fantásticos de Tim Burton.
Alice no país das maravilhas (votos: Fernanda, Patrícia, Maiara, Fernando)
O Discurso do Rei (votos: Victor, Lucas, Leonardo)
Bravura Indômita (votos: Ana, Rodrigo)
Só assim para "O Lobisomem" levar um prêmio sério.
O lobisomem (votos: Ana, Victor, Lucas, Rodrigo, Leonardo, Matheus)
The way back (votos: Fernanda, Fernando)
A Minha Versão do Amor (votos: Patrícia)
Por poucos votos de diferença, a modernidade de Trent Reznor e Atticus Ross leva o troféu.
A Rede Social (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Rodrigo, Matheus)
A Origem (votos: Leonardo, Patrícia, Fernando)
Mais um hino de amizade de Randy Newman, para fechar a nossa premiação nesse clima de união (até o final do bolão, pelo menos).
We Belong Together - Randy Newman (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Rodrigo, Matheus, Fernando)
If I Rise - Dido & AR Rahman (votos: Leonardo, Patrícia)
Uma das melhores partes da "temporada de prêmios", um dos esportes favoritos de qualquer cinéfilo, é reclamar das escolhas da academia (só não faz mais sucesso do que reclamar do Rubens Ewald Filho, que é, no fim das contas, a grande graça do Oscar). Mas e se o Oscar não fosse escolhido pelos membros da academia?
Então, para fazer justiça nessa noite, todos os participantes do Bolão do TTF enviaram, junto com suas apostas, seus indicados favoritos em cada categoria. Em algum lugar entre a palma de ouro e a framboesa de ouro, fique agora com o nosso Oscar.
Melhor Filme
Discurso do Rei, o favorito para o homenzinho dourado? Nem recebeu voto. A disputa aqui foi entre computadores e balé, e o jogo de espelhos de Darren Aronofsky sobre obsessão e loucura levou o prêmio principal da noite.
Cisne Negro (votos: Ana, Fernanda, Leonardo, Patrícia, Fernando)
A Rede Social (votos: Victor, Rodrigo, Matheus)
Melhor Direção
Fincher e Hooper podem ser os favoritos para o Oscar, mas o nosso prêmio vai para Darren Aronofsky, o mestre dos personagens obsessivos, por seu trabalho hábil como maestro em Cisne Negro.
Darren Aronofsky (votos: Ana, Fernanda, Leonardo, Patrícia, Fernando)
David Fincher (votos: Victor, Rodrigo, Matheus)
Melhor Ator
Não podia ser diferente. Colin Firth já vem merecendo desde 2010, e já pode comprar uma estante maior para suportar tanto prêmio assim, o mais importante, é claro, o nosso.
Colin Firth (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Fernando)
James Franco (votos: Rodrigo, Leonardo, Maiara)
Javier Bardem (votos: Patrícia)
Jeff Bridges (votos: Matheus)
Melhor Atriz
Ela aprendeu balé, emagreceu, quebrou uma costela só para criar a performance de uma vida. Nada mais justo que essa quase unanimidade, Natalie Portman.
Natalie Portman (votos: Ana, Fernanda, Victor, Leonardo, Patrícia, Matheus, Maiara, Fernando)
Michelle Williams (votos: Lucas, Rodrigo)
Melhor Ator Coadjuvante
A balança é a melhor amiga de Christian Bale:
Christian Bale ( votos: Ana, Victor, Lucas, Rodrigo, Leonardo, Matheus)
Geoffrey Rush ( votos: Fernanda, Patrícia)
Mark Ruffalo (votos: Maiara)
John Hawkes (votos: Fernando)
Melhor Atriz Coadjuvante
Se Hailee Steinfeld é coadjuvante, Avatar é o melhor filme da história. Hailee é a principal estrela de Bravura Indômita, e consegue entregar perfeitamente os grandes diálogos de Joel e Ethan Coen.
Hailee Steinfeld (votos: Ana, Fernanda, Leonardo, Matheus, Maiara, Fernando)
Melissa Leo (votos: Victor)
Jackie Weaver (votos: Rodrigo)
Helena Bonham-Carter (votos: Patrícia)
Melhor Filme de Animação
UNANIMIDADE. Mesmo em um ano fortíssimo na categoria, a Pixar fechou toda uma era da animação nessa pequena jóia chamada Toy Story 3.
Toy Story 3 (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Matheus, Fernando)
Melhor Roteiro Original
Ele não teve medo de sonhar um pouco mais alto, e entregou mais um labirinto para os seus fãs. Christopher Nolan deixa, aqui, todos os seus concorrentes para trás.
A Origem (votos: Ana, Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Maiara, Fernando)
O Discurso do rei (votos: Fernanda)
Another Year (votos: Victor, Lucas)
O Vencedor (votos: Matheus)
Melhor Roteiro Adaptado
Diálogos rápidos e inteligentes e todos os elementos que tornaram Aaron Sorkin um nome certo para roteiros de qualidade.
A Rede Social (votos: Ana, Fernanda, Victor, Rodrigo, Matheus,
127 Horas (votos: Leonardo, Patrícia, Maiara
Inverno da Alma (votos: Fernando
Melhor Fotografia
Balé nunca pareceu tão impressionante, real e bem iluminado. Créditos para Matthew Libatique, diretor de fotografia de Cisne Negro.
Cisne Negro (votos: Fernanda, Victor, Leonardo, Patrícia, Matheus, Fernando)
Bravura Indômita (votos: Ana, Lucas, Rodrigo, Maiara)
Melhor Direção de Arte
Empate. Dois delírios visuais. Alguns escolheram as cores vivas da película de Tim Burton, e outros escolheram os sonhos urbanos da obra de Christopher Nolan. Duas excelentes escolhas.
Alice no país das maravilhas (votos: Ana, Fernanda, Maiara, Fernando)
A Origem (votos: Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Matheus)
O Discurso do rei (votos: Victor)
Harry Potter (votos: Lucas)
Melhor Montagem
Perfeitamente montado, A Rede Social dependeu muito de seus editores para que aquela modernidade e velocidade fosse traduzida em imagens.
A Rede Social (votos: Ana, Victor, Lucas, Rodrigo, Patrícia, Matheus)
Cisne Negro (votos: Fernanda, Leonardo, Fernando)
127 Horas (votos: Maiara)
Efeitos Visuais
Um filme exigente no departamento de efeitos visuais. O mundo dos sonhos de Nolan foi perfeitamente construído e desconstruído.
A Origem (votos: Ana, Victor, Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Maiara)
Alice no país das maravilhas (votos: Fernanda, Fernando)
Harry Potter (votos: Lucas)
Homem de Ferro II (votos: Matheus)
Melhor Edição de Som
Um filme que te deixa completamente imerso em sua trilha e nos menores ruídos.
A Origem (votos: Ana, Victor, Lucas, Rodrigo, Leonardo, Patrícia, Fernando)
Toy Story 3 (votos: Fernanda, Matheus)
Melhor Mixagem de Som
A rede social (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Patrícia)
Bravura Indômita (votos: Rodrigo, Matheus)
A Origem (votos: Leonardo, Fernando)
Melhor Figurino
Mais um troféu para os visuais fantásticos de Tim Burton.
Alice no país das maravilhas (votos: Fernanda, Patrícia, Maiara, Fernando)
O Discurso do Rei (votos: Victor, Lucas, Leonardo)
Bravura Indômita (votos: Ana, Rodrigo)
Melhor Maquiagem
Só assim para "O Lobisomem" levar um prêmio sério.
O lobisomem (votos: Ana, Victor, Lucas, Rodrigo, Leonardo, Matheus)
The way back (votos: Fernanda, Fernando)
A Minha Versão do Amor (votos: Patrícia)
Melhor Trilha Sonora
Por poucos votos de diferença, a modernidade de Trent Reznor e Atticus Ross leva o troféu.
A Rede Social (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Rodrigo, Matheus)
A Origem (votos: Leonardo, Patrícia, Fernando)
Melhor Canção
Mais um hino de amizade de Randy Newman, para fechar a nossa premiação nesse clima de união (até o final do bolão, pelo menos).
We Belong Together - Randy Newman (votos: Ana, Fernanda, Victor, Lucas, Rodrigo, Matheus, Fernando)
If I Rise - Dido & AR Rahman (votos: Leonardo, Patrícia)
Oscar Watch, o round final, parte I: As apostas
Para ler escutando: This is why we fight - The Decemberists
Ser cinéfilo é mais do que apenas gostar de cinema. Não escolhemos essa condiação, por mais que essa frase esteja batida, é um impulso que nos escolhe. Ser cinéfilo é sentir a vontade física constante de assistir a um filme, o escolher sem preconceitos e buscando os caminhos menos óbvios e o vivenciar de maneira mais intensa do que a grande maioria. Para o cinéfilo, estar dentro de uma sala de cinema é o equivalente à meditação para as religiões orientais. Por isso nos incomodam tanto os chutes nas cadeiras, as conversas altas e as incoerências das salas de exibição, que nos tiram desse adorado nirvana.
Em 2010, ser cinéfilo significou sentir a dor de uma amputação, duvidar da própria sanidade em giros coreografados, viajar pelo subconsciente, se sentir como uma criança novamente (e chorar como uma também, para alguns), conhecer, sem julgamentos ou preconceitos, uma família diferente e um "vilão corporativo", acompanhar a jornada de duas crianças de coração endurecido e torcer, na mesma medida, por um soco certeiro e um discurso certeiro.
Não existe uma época melhor para os membros desse grupo do que a tal corrida do Oscar. Durante a temporada de premiações, o mundo inteiro se torna um pouco cinéfilo. As notícias que se limitavam às páginas menores e escondidas do jornal viram manchetes, os trending topics são completamente tomados por atores, atrizes e diretores.
Então, um grupo que merece bastante esse título de "cinéfilo", e reúne todos os tipos de opiniões, resolveu se juntar em uma competição (saúdavel e sem prêmios, só com possíveis discussões via twitter sobre a qualidade ou não de Inception e Cisne Negro) para ver quem acerta mais. E você pode ver de camarote a batalha, e saber os resultados, amanhã, aqui mesmo no TTF.
O mais fascinante é que até nas apostas, O Discurso do Rei está perfeitamente empatado com A Rede Social. David Fincher aparece como favorito ao prêmio de diretor, e os prêmios de Ator, Atriz e Ator Coadjuvante estão previsíveis como sempre. Essas são as nossas apostas.
Apostadora: Ana Clara Matta
1. Melhor Filme - O Discurso do Rei
2. Melhor Direção - David Fincher, A Rede Social
3. Melhor Ator - Colin Firth, O Discurso do Rei
4. Melhor Atriz - Natalie Portman, Cisne Negro
5. Melhor Ator Coadjuvante - Christian Bale, O Vencedor
6. Melhor Atriz Coadjuvante - Hailee Steinfeld, Bravura Indômita
7. Melhor Filme Estrangeiro - Biutiful (México)
8. Melhor Filme de Animação - Toy Story 3
9. Melhor Roteiro Original - O Discurso do Rei
10. Melhor Roteiro Adaptado - A Rede Social
11. Melhor Fotografia - Bravura Indômita
12. Melhor Direção de Arte - Alice no país das maravilhas
13. Melhor Montagem - A Rede Social
14. Efeitos Visuais - A Origem
15. Melhor Edição de Som - A Origem
16. Melhor Mixagem de Som - A Rede Social
17. Melhor Figurino - O Discurso do rei
18. Melhor Maquiagem - O Lobisomem
19. Melhor Trilha Sonora - O Discurso do rei
20. Melhor Canção - If I Rise - Dido & A.R.Rahman
21. Melhor Documentário - Trabalho Interno
22. Melhor Documentário de Curta-metragem - Killing in the name
23. Melhor Curta - The Confession
24. Melhor Curta Animado - Day & Night
Apostadora: Fernanda Paiva
1. Melhor Filme - A Rede Social
2. Melhor Direção - Darren Aronofsky
3. Melhor Ator - Colin Firth
4. Melhor Atriz - Natalie Portman
5. Melhor Ator Coadjuvante - Mark Ruffalo
6. Melhor Atriz Coadjuvante - Hailee Steinfeld
7. Melhor Filme Estrangeiro - Biutiful
8. Melhor Filme de Animação - Toy Story 3
9. Melhor Roteiro Original - Christopher Nolan
10. Melhor Roteiro Adaptado - Aaron Sorkin
11. Melhor Fotografia - Cisne Negro
12. Melhor Direção de Arte - Alice no País das Maravilhas
13. Melhor Montagem - A Rede Social
14. Efeitos Visuais - A Origem
15. Melhor Edição de Som - Toy Story 3
16. Melhor Mixagem de Som - A Rede Social
17. Melhor Figurino - O Discurso do Rei
18. Melhor Maquiagem - The Way Back
19. Melhor Trilha Sonora - A Rede Social
20. Melhor Canção - We Belong Together, Toy Story 3
21. Melhor Documentário - Lixo Extraordinário
22. Melhor Documentário de Curta-metragem - Sun come up
23. Melhor Curta - The Crush
24. Melhor Curta Animado - Madagascar
Apostador: Fernando Martins
1. Melhor Filme - A Rede Social
2. Melhor Direção - David Fincher, A Rede Social
3. Melhor Ator - Colin Firth, O Discurso do Rei
4. Melhor Atriz - Natalie Portman, Cisne Negro
5. Melhor Ator Coadjuvante - Christian Bale, O Vencedor
6. Melhor Atriz Coadjuvante - Melissa Leo, O Vencedor
7. Melhor Filme Estrangeiro - Biutiful (México)
8. Melhor Filme de Animação - Toy Story 3
9. Melhor Roteiro Original - Christopher Nolan, A Origem
10. Melhor Roteiro Adaptado - Aaron Sorkin, A Rede Social
11. Melhor Fotografia - Cisne Negro
12. Melhor Direção de Arte - Alice no país das maravilhas
13. Melhor Montagem - A Rede Social
14. Efeitos Visuais - Alice no país das maravilhas
15. Melhor Edição de Som - A Origem
16. Melhor Mixagem de Som - A Origem
17. Melhor Figurino - O Discurso do rei
18. Melhor Maquiagem - The Way Back
19. Melhor Trilha Sonora - O Discurso do rei
20. Melhor Canção - If I Rise - Dido & A.R.Rahman
Apostadora: Jéssica Moreira
(Ainda não enviou)
Apostador: Leonardo Martins
1. Melhor Filme - A Rede Social.
2. Melhor Direção - David Fincher, A Rede Social.
3. Melhor Ator - Colin Firth, O Discurso do Rei.
4. Melhor Atriz - Natalie Portman, Cisne Negro.
5. Melhor Ator Coadjuvante - Christian Bale, O Vencedor.
6. Melhor Atriz Coadjuvante - Hailee Steinfeld, Bravura Indômita.
7. Melhor Filme Estrangeiro - Biutiful (México).
8. Melhor Filme de Animação - Toy Story 3.
9. Melhor Roteiro Original - Christopher Nolan, A Origem.
10. Melhor Roteiro Adaptado - Aaron Sorkin, A Rede Social.
11. Melhor Fotografia - Cisne Negro, Matthew Libatique.
12. Melhor Direção de Arte - O Discurso do Rei, Eve Stewart e Judy Farr.
13. Melhor Montagem - Cisne Negro, Andrew Wesiblum.
14. Efeitos Visuais - A Origem, Paul Franklin, Chris Corbould, Andrew Lockley e Peter Bebb.
15. Melhor Edição de Som - A Origem, Richard King.
16. Melhor Mixagem de Som - A Origem, Lora Hirschberg, Gary A. Rizzo e Ed Novick.
17. Melhor Figurino - O Discurso do Rei, Jenny Beavan.
18. Melhor Maquiagem - O Lobisomem, Rick Baker e Dave Elsey.
19. Melhor Trilha Sonora - A Origem, Hans Zimmer.
20. Melhor Canção - If I Rise, 127 Horas.
21. Melhor Documentário - Exit Through The Gift Shop.
22. Melhor Documentário de Curta-metragem - Killing in the name.
23. Melhor Curta - Na Wewe.
24. Melhor Curta Animado - Day & Night.
Apostador: Lucas Procópio
1. Melhor Filme - O Discurso do Rei
2. Melhor Direção - David Fincher
3. Melhor Ator - Colin Firth
4. Melhor Atriz - Natalie Portman
5. Melhor Ator Coadjuvante - Christian Bale
6. Melhor Atriz Coadjuvante - Melissa Leo
7. Melhor Filme Estrangeiro - Em Um Mundo Melhor
8. Melhor Filme de Animação - Toy Story 3
9. Melhor Roteiro Original - O Discurso do Rei
10. Melhor Roteiro Adaptado - A Rede Social
11. Melhor Fotografia - Bravura Indômita
12. Melhor Direção de Arte - Alice No País das Maravilhas
13. Melhor Montagem - A Rede Social
14. Efeitos Visuais - A Origem
15. Melhor Edição de Som - A Origem
16. Melhor Mixagem de Som - A Origem
17. Melhor Figurino - O Discurso do Rei
18. Melhor Maquiagem - O Lobisomem
19. Melhor Trilha Sonora - O Discurso do Rei
20. Melhor Canção - Toy Story 3
21. Melhor Documentário - Exit Through The Gift Shop
22. Melhor Documentário de Curta-metragem - Strangers No More
23. Melhor Curta - God Of Love
24. Melhor Curta Animado - Madagascar, A Journey Diary
Apostadora: Maiara Dutra
1. Melhor Filme – O Discurso do Rei
2. Melhor Direção – David Fincher
3. Melhor Ator – Colin Firth
4. Melhor Atriz – Natalie Portman
5. Melhor Ator Coadjuvante – Geoffrey Rush
6. Melhor Atriz Coadjuvante – Melissa Leo
7. Melhor Filme Estrangeiro - Biutiful
8. Melhor Filme de Animação – Toy Story 3
9. Melhor Roteiro Original – David Seidler
10. Melhor Roteiro Adaptado – Aaron Sorkin
11. Melhor Fotografia – Bravura Indômita
12. Melhor Direção de Arte – O discurso do rei
13. Melhor Montagem – A rede social
14. Efeitos Visuais – A Origem
15. Melhor Edição de Som – A origem
16. Melhor Mixagem de Som – O discurso do rei
17. Melhor Figurino – O discurso do rei
18. Melhor Maquiagem – O lobisomem
19. Melhor Trilha Sonora – O discurso do rei
20. Melhor Canção - We Belong Together
21. Melhor Documentário – Lixo extraordinário
22. Melhor Documentário de Curta-metragem - Strangers no more
23. Melhor Curta – The Crush
24. Melhor Curta Animado - The Lost Thing
Apostador: Matheus Weyh
1. Melhor Filme: A Rede Social
2. Melhor Direção: David Fincher, A Rede Social
3. Melhor Ator: Colin Firth, O Discurso do Rei
4. Melhor Atriz: Natalie Portman, Cisne Negro
5. Melhor Ator Coadjuvante: Christian Bale, O Vencedor
6. Melhor Atriz Coadjuvante: Melissa Leo, O Vencedor
7. Melhor Filme Estrangeiro: Biutiful, México
8. Melhor Filme de Animação: Toy Story 3
9. Melhor Roteiro Original: Scott Silver, Paul Tamasy & Eric Johnson, O Vencedor
10. Melhor Roteiro Adaptado: Aaron Sorkin, A Rede Social
11. Melhor Fotografia: Cisne Negro, Matthew Libatique
12. Melhor Direção de Arte: O Discurso do Rei, Eve Stewart e Judy Farr
13. Melhor Montagem: A Rede Social, Angus Wall e Kirk Baxter
14. Efeitos Visuais: Homem de Ferro II, Janek Sirrs, Ben Snow, Ged
Wright e Daniel Sudick
15. Melhor Edição de Som: Tron - O Legado, Gwendolyn Yates Whittle e
Addison Teague
16. Melhor Mixagem de Som: O Discurso do Rei, Paul Hamblin, Martin
Jensen e John Midgley
17. Melhor Figurino: O Discurso do Rei, Jenny Beavan
18. Melhor Maquiagem: O Lobisomem, Rick Baker e Dave Elsey
19. Melhor Trilha Sonora: A Rede Social, Trent Reznor e Atticus Ross
20. Melhor Canção: We Belong Together, Toy Story 3
21. Melhor Documentário: Exit Through The Gift Shop
22. Melhor Documentário de Curta-metragem: Killing in the name
23. Melhor Curta: The Crush
24. Melhor Curta Animado: Day & Night
Apostadora: Patrícia Lira
1. Melhor Filme – O Discurso do Rei
2. Melhor Direção – Tom Hooper, O Discurso do Rei
3. Melhor Ator – Colin Firth, O Discurso do Rei
4. Melhor Atriz – Natalie Portman, Cisne Negro
5. Melhor Ator Coadjuvante – Christian Bale, O Vencedor
6. Melhor Atriz Coadjuvante – Melissa Leo, O Vencedor
7. Melhor Filme Estrangeiro – Biutiful (México)
8. Melhor Filme de Animação – Toy Store 3
9. Melhor Roteiro Original – Christopher Nolan, A Origem
10.Melhor Roteiro Adaptado – Aaron Sorkin, A Rede Social
11.Melhor Fotografia – Cisne Negro, Matthew Libatique
12.Melhor Direção de Arte – A Origem, Guy Hendrix Dyas, Larry Dias e Doug Mowat
13.Melhor Montagem – A Rede Social, Angus Wall e Kirk Baxter
14.Efeitos Visuais – A Origem, Paul Franklin, Chris Corbould, Andrew Lockley e Peter Bebb
15.Melhor Edição de Som – A Origem, Richard King
16.Melhor Mixagem de Som – A Rede Social, Ren Klyce, David Parker, Michael Semanick e Mark Weingarten
17.Melhor Figurino - Alice no País das Maravilhas, Colleen Atwood
18.Melhor Maquiagem – A Minha Versão do Amor, Adrien Morot
19.Melhor Trilha Sonora – A Rede Social, Trent Reznor e Atticus Ross
20.Melhor Canção – We Belong Together, Toy Story 3
21.Melhor Documentário – Exit Through The Gift Shop
22.Melhor Documentário de Curta-metragem – Killing in the name
23.Melhor Curta – Na Wewe
24.Melhor Curta Animado – Day & Night
Apostador: Rodrigo Laurentino
1. Melhor Filme - Rede Social
2. Melhor Direção - David Fincher, A Rede Social
3. Melhor Ator - Colin Firth, O Discurso do Rei
4. Melhor Atriz - Natalie Portman, Cisne Negro
5. Melhor Ator Coadjuvante - Christian Bale, O Vencedor
6. Melhor Atriz Coadjuvante - Melissa Leo, O Vencedor
7. Melhor Filme Estrangeiro - Em um mundo melhor (Dinamarca)
8. Melhor Filme de Animação - Toy Story 3
9. Melhor Roteiro Original - O Dirscurso do Rei
10. Melhor Roteiro Adaptado - A Rede Social
11. Melhor Fotografia - Bravura Indômita
12. Melhor Direção de Arte - Harry Potter e as relíquias da morte pt. 1
13. Melhor Montagem - A Rede Social
14. Efeitos Visuais - A Origem
15. Melhor Edição de Som - A Origem
16. Melhor Mixagem de Som - Bravura Indômita
17. Melhor Figurino - Bravura Indômita
18. Melhor Maquiagem - O Lobisomem
19. Melhor Trilha Sonora - A Rede Social
20. Melhor Canção - We belong together, Toy Story 3
21. Melhor Documentário - Exit Through the Gift Shop
22. Melhor Documentário de Curta-metragem - Killing in the name
23. Melhor Curta - The Confession
24. Melhor Curta Animado - Day & Night
Apostador: Tiago Germano
(Ainda não enviou)
Apostador: Victor Tavares
1. Melhor Filme - O Discurso Do Rei
2. Melhor Direção - Tom Hooper, O Discurso do Rei
3. Melhor Ator - Colin Firth, O Discurso do Rei
4. Melhor Atriz - Natalie Portman, Cisne Negro
5. Melhor Ator Coadjuvante - Christian Bale, O Vencedor
6. Melhor Atriz Coadjuvante - Melissa Leo, O Vencedor
7. Melhor Filme Estrangeiro - Incêndios
8. Melhor Filme de Animação - Toy Story 3
9. Melhor Roteiro Original - Christopher Nolan, A Origem
10. Melhor Roteiro Adaptado - Aaron Sorkin, A Rede Social
11. Melhor Fotografia - Bravura Indômita, Roger Deakins
12. Melhor Direção de Arte - O Discurso do Rei, Eve Stewart e Judy Farr
13. Melhor Montagem - A Rede Social, Angus Wall e Kirk Baxter
14. Efeitos Visuais - A Origem, Paul Franklin, Chris Corbould, Andrew Lockley e Peter Bebb
15. Melhor Edição de Som - A Origem, Richard King
16. Melhor Mixagem de Som - A Rede Social, Ren Klyce, David Parker, Michael Semanick and Mark Weingarten
17. Melhor Figurino - O Discurso do Rei, Jenny Beavan
18. Melhor Maquiagem - O Lobisomem, Rick Baker e Dave Elsey
19. Melhor Trilha Sonora - A Rede Social, Trent Reznor e Atticus Ross
20. Melhor Canção - We Belong Together, Toy Story 3
21. Melhor Documentário - Trabalho Interno
22. Melhor Documentário de Curta-metragem - Killing in the name
23. Melhor Curta - Na Wewe
24. Melhor Curta Animado - Day & Night
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Terra fria
Filme: Inverno da Alma (Winter's Bone,2010)
Nota: 8
Para ler escutando: Thistle & Weeds - Mumford and Sons
Para quem escreve sobre cinema e brinca de analisar e criticar, existem três tipos de filmes. Algumas obras te encantam tanto que a escrita de uma crítica se torna uma catarse instantânea. Alguns são tão ruins que sua mente, durante a exibição, já produz várias maneiras criativas, cruéis e irônicas de demonstrar a falta de qualidade daquilo que passeia pela tela. Esses dois primeiros tipos, apesar de representarem dois lados de uma moeda, possuem uma característica em comum: Eles te inspiram de maneira tão intensa que você não precisa de nenhum incentivo ou esforço para separar alguns momentos do seu dia para digitar palavras e formular sentenças. Mas existe um terceiro tipo.
Existem filmes, bons ou ruins (essa não é uma discussão de qualidade), que dificultam a missão do crítico ao não fornecer inspiração alguma. Inverno da Alma foi esse tipo de filme para mim. Mas o que torna Inverno da Alma, um belo filme independente, que carrega interpretações excelentes e uma boa direção, um filme tão pouco inspirador?
Inverno da Alma é uma jornada através de um espaço que não esperamos encontrar em um país de primeiro mundo. Porém, enquanto a realidade daquela terra gelada e miserável, sua crueldade e seu intrincado submundo, surpreendem, o roteiro não consegue o mesmo feito e parece comum demais pra um filme tão elogiado. O mesmo tema foi analisado sob outro prisma em Rio Congelado, de 2009, e a conexão que sentimos com aqueles personagens era bem mais intensa. Enquanto Rio Congelado era movido pelo coração da personagem de Melissa Leo, Inverno da Alma é quase cerebral demais.
Ree Dolly é a menos caricata de uma série de personagens femininos fortes e determinados que o cinema tem produzido, e Inverno da Alma é um filme repleto desses personagens. Interpretada com maestria pela jovem desconhecida Jennifer Lawrence, é a sua busca, seu foco e sua garra que movem o filme. Mas ela não é o personagem mais interessante da película. Enquanto Ree é a mártir sem falhas, entalhada com perfeição de caráter e propósito, seu tio é quem traz mais tridimensionalidade para Inverno Da Alma, em uma performance memorável de John Hawkes. O filme é bem dirigido e bem fotografado, e o ambiente, opressor, simples e gélido, se torna uma extensão dos seus personagens intimidadores.
Inverno da Alma é definido por muitos como um novo "noir" que troca as ruas de uma cidade sombria pelas trilhas das montanhas Ozark, mas é com o grande Western desse ano que podemos traçar mais semelhanças. Em Bravura Indômita, assim como em Inverno da Alma, uma garota decidida e inabalável parte em uma jornada por caminhos perigosos e afastados. Mas o que torna Bravura Indômita inspirador e Inverno da Alma desanimador? Se Mattie Ross é humana e parte na sua jornada com sangue quente, emoções vivas e alma de criança, Ree Dolly é concentrada e árida, e o centro de Inverno da Alma se torna tão frio e sem empatia quanto sua paisagem e seus ameaçadores habitantes.
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