domingo, 16 de maio de 2010

A Ascensão de um Leão


Filme: Robin Hood (Robin Hood, 2010)
Nota:9/10
Para ler escutando: The Corrs - Rebel Heart

Fui ao cinema ontem com os planos de assistir Homem de Ferro 2. Acabei sendo seduzida pela proposta de ver outro tipo de anti-herói, no filme que, nessa quinta-feira, deu o pontapé inicial ao Festival de Cannes de 2010, Robin Hood.
O que faz de um herói, um herói? Uma história grandiosa. Não em tamanho, mas em propósito. Em ideais. Um personagem que deve transcender as páginas do roteiro, e trazer inspiração, paixão (não apenas por seu par romântico, mas paixão colocada em cada ação, cada discurso, cada chamado para as armas). Robin Hood pode ser uma lenda, mas os valores que esse personagem traz não são irreais. Ou pelo menos não deviam ser. Lealdade, coragem, a disposição para lutar pelo que é certo, o idealismo, não deviam se limitar às antigas histórias de guerreiros,ou nas atuais histórias de super-heróis, e habitar nas nossas atitudes diárias, mesmo que não sejam atitudes grandiosas.
Heróis, sejam eles modernos ou antigos, reais ou falsos, geralmente são figuras que chamam a responsabilidade para si e transmitem esperança para um povo que não tem mais nenhuma opção. O seu passado não importa, muito menos o motivo pelo qual inicia seu caminho, seja para salvar a si mesmo, como Tony Stark, ou para entender melhor suas origens, como o Robin Longstride de Russell Crowe.
Com absoluta certeza, histórias como a de Robin Hood estão gravadas no subconsciente de cada um de nós, e possuem um enorme potencial cinematográfico. Mas pela primeira vez um diretor consegue transferir a história do ladrão de Nottingham para as telonas com a força e seriedade das quais ela necessitava. Como Ridley Scott fez isso? Contando a história de um homem, e não de uma lenda.O filme é uma “prequel” (e, por isso, espero ansiosamente uma sequência,ok, Sr. Scott?), história de origem de um personagem, comumente usada em filmes de super-heróis. Seu Robin Longstride é um honesto arqueiro no batalhão de Ricardo Coração de Leão, que é punido pelo mesmo por ousar falar a verdade ao rei. Com a morte do monarca, Robin foge do batalhão e começa a trilhar seu caminho visando o benefício próprio,mas acaba aprendendo sobre seu misterioso passado e sobre sua família, e encontra assim seu destino. Descrição vaga, mas se eu escrevesse mais que isso, atrapalharia a experiência que você, leitor, terá no cinema.
“Robin Hood” é uma viagem fantástica para os amantes da Idade Média.Extremamente bem dirigido, fotografado e com trilha sonora competente, o filme te proporciona 2 horas e 20 minutos na terra dos castelos e alaúdes, arqueiros e damas. Ridley Scott faz um filme de aventura, com longas cenas de batalha, o que explica o posicionamento da estréia da obra em pleno verão americano, tão longe da temporada de premiações. O diretor, apesar de ter em mãos um talentoso elenco e uma produção grandiosa, não parecia estar mirando em estatuetas douradas.
Talentoso é um adjetivo pequeno para o afinadíssimo elenco deste épico. Russell Crowe brilha mais uma vez em parceria com Scott (sou fã incondicional da parceria, apesar de não ter amado “O Gângster”, nem ao menos gostado, na verdade), fazendo finalmente um Robin Hood nem um pouco caricato, trocando as roupas verdes e justas e penas no chapéu (graças a Deus) por armaduras e o capuz que gerou seu nome (“hood”). Todo o elenco de coadjuvantes foi perfeitamente escalado, com um trio de atores já conhecidos de séries de TV como os companheiros de Hood, os “Merry Men”, e Max Von Sydow e William Hurt fantásticos como sempre. Mark Strong adiciona mais um vilão para sua lista, dessa vez, bem mais convincente do que em Sherlock Holmes.
Cate Blanchett merece um capítulo a parte. Uma das melhores atrizes vivas retrata mais uma vez uma mulher fortíssima, mas coloca uma dose de fragilidade em sua Marion, personagem que se torna tão humana e real que rouba o filme completamente. Se o filme tivesse uma data de lançamento apropriada, Cate poderia estar na lista de indicações para várias premiações. Atualmente, tenho a impressão que três atrizes conquistam todos os grandes papéis femininos: Meryl Streep, Kate Winslet e Cate. E merecem. E fazem desses papéis mulheres reais e inesquecíveis. Eu saí do filme de Scott com a vontade de ser Lady Marion. Sem os ratos andando sobre a comida, óbvio.

Um conselho: Não vá para o cinema esperando um novo “Gladiador”. A força e o tom dramático da história de Maximus Decimus Meridius não estão presentes aqui, e a sua decepção será grande. O objetivo aqui é a aventura, a fusão perfeita de história real da Inglaterra com uma lenda que exerce fascínio há várias gerações. Mas um ponto em comum as duas histórias possuem. A idéia de que pessoas comuns, cordeiros que apenas queriam seguir com suas vidas, quando necessário, podem se tornar leões, irrefreáveis na busca de justiça.

Ps: Acho que o contador do blog está ficando doido. Para saber exatamente quantas pessoas estão visitando, peço a você um favor. Deixe um comentário, nem que seja só dando um Oi. Seja um herói. Salve hoje uma blogueira confusa. Obrigada =)

2 comentários:

  1. eu leio, se serve de incentivo...cof
    apesar de não ter assistido a maioria dos filmes

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  2. xDD ^----^ crítica fantástica... Concordo com tudo que você disse e aproveito a chance pra repetir: Adoro o Robin Hood!!! Ele é o máximo u.u

    Sabe o que eu mais gostei nesse filme? Como os personagens são mais humanos, como alguns mitos são quebrados, como o diretor procurou fazer um relato menos idealista do contexto (porque Robin Hood pode ser uma lenda, mas o contexto em que ele supostamente teria existido é uma parte muito importante da história inglesa.)

    Por exemplo, achei muito interessante o King Richard dessa versão, o rei humano, o rei que cometeu atrocidades, que matou, roubou, violou, ao invés do mítico rei honroso que salvou a Inglaterra de todo o mal u.u'

    Isso me lembra também a maneira como o diretor se aproveitou do contexto histórico em sua versão... Mais precisamente a inserção da Bill of Rights, que é a base de todo o constitucionalismo britânico, como background da estória.

    Sobre o método de fazer uma prequel, achei brilhante xDD Foi refrescante, uma nova perspectiva sobre o anti-herói que nós tanto amamos =) Não ia aguentar outra versão idêntica (ou paródica) dessa lenda.

    Escrevi um testamento xD So sorry!

    beijo =)

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