domingo, 13 de janeiro de 2013

TTF Awards 2012: os melhores filmes do ano



28º - Os Infratores

Com o auxílio de um vilão absurdamente insuportável, John Hillcoat me fez torcer por uma família do crime organizado como nunca antes eu havia torcido. Os Bondurants foram extremamente bem construídos na tela, e a ironia no fim do filme é sublime.

27º - As Vantagens de ser Invisível

Esse entrou pra categoria "filmes do coração" de uma vez só. Não é revivalismo de John Hughes - é uma atualização de John Hughes, para uma nova geração que vive novos e bem mais intensos conflitos. Stephen Chbosky estreou no cinema com uma verdadeira pérola. Um filme infinito.

26º - Paranorman 
A melhor animação do ano traz um enredo espetacular. O humor é adulto, inteligente, com criticas ácidas à sociedade, sem esquecer do lado lúdico e educativo. Além de tudo isso, é um triunfo da animação stop-motion em seu modo mais bem executado e paciente.

25º- Na Estrada
 Li Pé Na Estrada neste ano e o livro mudou minha vida. Temia que o filme fosse apenas uma sombra do jazz verbal e febril de Kerouac, mas Walter Salles conseguiu sim navegar no espírito de uma época e dar vida, com um elenco impecável, a alguns dos melhores personagens da história da literatura.


24º- Até a Eternidade
Um filme nota 30% no Rotten Tomatoes, criticado por todos. E também dos meus queridinhos do ano. Com um elenco que junta uma geração de ouro do cinema francês e uma trama claramente reverente a The Big Chill, Até a Eternidade é um blockbuster com alma como só os franceses sabem fazer.

23º- 007 Skyfall 
Até Skyfall, eu era a principal crítica da escolha do nada carismático Daniel Craig como James Bond. Mas aí colocaram Sam Mendes na direção. Roger Deakins na cinematografia. E me convenceram de que Skyfall é o filme que James Bond merecia, mas nunca havia conquistado. Um espetáculo em narrativa, imagem e som.

22º- O Espião que sabia demais
 A frieza de Tinker Tailor Soldier Spy me incomoda um pouco, mas eu reconheço - é um filme espetacular. Gary Oldman está inesquecível como George Smiley, os coadjuvantes estão perfeitamente escolhidos e Tomas Alfredson merece palmas.

21º- Os Descendentes
Uma das minhas maiores lembranças em uma sala de cinema em 2012 é a de George Clooney correndo de chinelos. Clooney, o dono da pose de Danny Ocean, ali, correndo de chinelos, com um dos piores guarda-roupas de tiozão havaiano que eu já vi.

20º- Millennium - Os Homens que não amavam as mulheres 
Não é uma adaptação perfeita do livro de Stieg Larsson, e não constrói bem a complexa relação entre Lisbeth e Mikael, mas perdoamos, afinal, é o melhor suspense do ano, dirigido entre sombras por David Fincher e carregando a melhor atriz do ano, a revelação Rooney Mara.

19º- Habemus Papam
Antes de Habemus Papam, não conhecia o trabalho do bonachão Nanni Moretti. E sou eternamente grata pelo filme me apresentar o diretor de O Quarto do Filho. Cardeais jogando vôlei de praia em pleno Vaticano, um Papa com crise de identidade e um psiquiatra ateu lidando com um escândalo religioso... o cenário para uma das comédias mais inteligentes do ano.

18º- Deus da Carnificina 
Tudo o que Roman Polanski precisou foi um apartamento, quatro atores, duas classes sociais e quatro personalidades diferentes. Ali ele formulou sua ciranda de comédia absurdista, comentário social sobre agressividade e violência e moral.

17º- A Separação
Ashgar Farhadi nos mostra um Irã que não conhecíamos em A Separação. Um drama familiar e de costumes extremamente especial, com atuações de destaque.

16º- Argo
Argo é um filme de equilíbrio. O equilíbrio entre o filme de fuga e aventura, o drama político e a comédia satírica em relação ao cinema o coloca em uma posição única no cinema em 2012. Juntamente com O Impossível, a prova definitiva de que a realidade por vezes é mais incrível que a ficção.

15º- Moneyball 
Moneyball é definitivamente mais fascinante para aqueles que sabem bem o que é acompanhar fielmente um time nos diamantes verdes entre Abril e Outubro. Mas os leigos da MLB ainda podem apreciar o roteiro brilhante de Aaron Sorkin e a performance de Brad Pitt e Jonah Hill.

14º- Precisamos falar sobre Kevin 
Um drama filmado como horror, com tons de vermelho transbordando na tela e uma atuação central inesquecível.

13º- Jovens Adultos 
O filme mais injustamente ignorado do ano está nas mãos de Jason Reitman e da roteirista das melhores frases de efeito do planeta, Diablo Cody. Um verdadeiro tratado sobre os efeitos dos papéis da adolescência na auto-definição de uma personalidade adulta.

12º- Drive 
A verdade é dura, amigos: Drive é overrated. A idolatria de algumas pessoas em relação a esse filme, um bem sucedido revival de noir com um personagem principal carismático porém clichê, é exagerada. Mas nos aspectos técnicos, especialmente na direção, poucos filmes do ano chegaram a seu nível de excelência.

11º- As Bem-Amadas 
Christophe Honoré é o mais sensível cronista dos relacionamentos modernos. Em As Bem-Amadas ele misturou a fórmula musical de seu Canções de Amor (embalada por faixas originais de Alex Beaupain, como sempre) e uma estrutura de épico, com duas gerações de mulheres e suas relações amorosas curiosas. Atuações como a de Paul Schneider e Catharine Deneuve fazem desse filme um essencial na filmografia do diretor mais twee de uma França que ainda inclui Jeunet.

10º - O Impossível 
O Impossível é uma experiência física. Em seu final, sua cabeça doerá de tanto choro, seu corpo parece sentir os golpes recebidos por Naomi Watts e suas emoções estarão um desastre a toda vez em que você pensar que aquilo realmente aconteceu, não só com uma família,mas com inúmeras, na ocasião da Tsunami do Boxing Day.

9º- O Artista
 Taí outro overrated, um filme que perde sim sua força a cada nova visão, mas que encantava em uma primeira vista como poucos. O Artista encarou a difícil missão de entreter uma plateia que sofre de DDA crônico sem a voz e assim se tornou um comentário vivo sobre seu próprio tema, um filme sobre a sobrevivência do velho em um mundo que pede pelo novo.

8º- Looper 
Não discuta furos de roteiro. Pare de procurar e absorva as emoções de Looper, pois sinceramente, nenhum filme sobre viagem no tempo consegue preencher todos os buracos. A emoção está bem mais em foco que o lado cerebral e físico aqui, e o que temos é um noir sci-fi com momentos de questionamento moral daqueles que te perseguem além da sala de cinema.

7º- Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge 
O filme que todos elogiaram quando viram pela primeira vez mas, por peer pressure da internet e por vontade de se intelectualizar perante a opinião pública, todos decidiram odiar - e amar odiá-lo. Reconheço as falhas, mas acredito que a ressonância Dickensiana do encerramento da trilogia de Nolan é o melhor e mais humano entre os três filmes do Cavaleiro das Trevas. The Fire Rises.

6º- A Invenção de Hugo Cabret 
Se você é cinéfilo e não se sentiu encantado por Hugo Cabret, lhe falta reverência ao passado. Lhe falta amor pelo cinema como fábrica de sonhos. Nos dias mais emotivos e de coração mole, eu quase chamo Hugo de meu filme favorito do Scorsese.

5º- As aventuras de Pi
Nada tira da minha cabeça que as pessoas deviam, ao menos tentar, afastar suas concepções religiosas antes de entrar em uma sessão de Pi. Pois o filme questina muito mais, além da existência de Deus. Pi é um trabalho sobre a ficção, sobre a ilusão do cinema e sobre o espetáculo visual do 3D, feito com primor por Ang Lee.

4º- Shame
Um retrato do vício. Qualquer vício. As consequências, o estado de dormência constante, a vergonha, os impedimentos nos relacionamentos familiares, a incerteza de um passado que poderia ter levado a esse vício. Tudo isso com a melhor performance de um ator no ano.

3º- Poder sem limites
Em 2012, tivemos Vingadores, tivemos Cavaleiro das Trevas Ressurge, mas o melhor filme de super-herói é de uma história original, feita por iniciantes com o método de found footage e um elenco que poderia encabeçar qualquer lista de apostas em Hollywood.

2º- Moonrise Kingdom
Sobre esse eu resumo em uma frase só: Wes Anderson, dirige minha vida?

1º- Holy Motors 
Eu cheguei a afirmar, quando li as primeiras críticas de Holy Motors pós-Cannes, o seguinte: ah, nunca assistirei isso. Deve ser pretensioso. E gratuitamente estranho. Mas eu já afirmei isso sobre alguns dos meus diretores favoritos de hoje, sobre alguns dos meus filmes favoritos de hoje. E a lição que fica é: cinema é feito do risco, do salto no escuro que você dá e descobre que os limites da arte são bem mais elásticos do que você pensa.

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